quinta-feira, 25 de abril de 2013

vizinhança

Abri a janela e dei de cara com um apartamento vazio. Minha janela da cozinha (que também é sala) dava para a janela da sala de um apartamento onde morava uma família que fazia parte dos meus dias. Pedrinho e seus pais dividiam um apartamento que, na melhor das hipóteses, tinha uns 35m2. Logo depois que eu me mudei e a senhorita minha gata adquiriu amores pela janela, mãe e filho brincavam no chão, ali embaixo e, me vendo na janela em busca da bichana, perguntaram coisas sobre ela e sobre mim. Descoberto o nome da gatinha, Pedrinho chamava por ela quase todas as manhãs que ia bater bola com a mãe: "Nina! Nina! Nina!". Nessas horas eu queria que ela fosse menos gato e mais cachorro, para dar atenção ao menino.

Outra vizinha que sempre chama pela Nina quando a vê na janela é uma senhora muito duvidosa do terceiro andar aqui do prédio. Gordinha, com cara de que não gostou mas com uma vozinha altamente doce - o que me confunde muito -, ela sempre leva para passear a Suzi e o Luki (vamos supôr que se escrevam assim os nomes). Suzi é uma cachorra muito parecida com a dona, apesar de ser extremamente mais simpática. Pretinha, parecida com um cocker e geralmente de lacinho, ela costuma vir me cheirar quando nos encontramos no corredor. O Luki eu suponho que seja o salsichinha, mas sei da sua existência porque todo santo dia ele é chamado umas dez vezes. Sabe-se lá o que o pobre cachorro foi fazer, só sei que sobram gritos de "Luuuukiiiii, luuuukiiiii" de manhã e final da tarde também.


Essa mesma senhora é casada com um senhor muitíssimo simpático. Ele é bem balofinho e tem um bigode protuberante, desses bem proeminentes, que escondem a própria boca. Com uma cara de quem está sorrindo por trás do bigode (e que a gente não tem muito bem como ter ou não certeza), ele me cumprimentou poucas vezes, porque nos encontramos pouco nos corredores ou portas. A única vez que ele se dirigiu a mim foi para perguntar se minha gatinha (ela mesma) estava bem e em casa. Na noite anterior ela se jogou, se defenestrou, quis tentar a liberdade ou simplesmente seguiu seus instintos atrás de um bolinho de penas voador e foi achada miando no portão, pedindo para entrar no prédio. Como a bicha é exibida e todos os vizinhos sabem que ela mora aqui, o senhor do bigode veio conferir se eu era "a menina da gata que fica na janela" e se tava tudo certo. Respondi meio rindo que sim, que a peste estava bem, que nem eu sabia como ela tinha parado lá.

Aliás, o moço que veio me avisar que a Nina estava querendo desesperadoramente voltar para o aconchego do nosso mini lar é um ser muito curioso. Ele é bem novo, deve ter uns 26 anos e, se não terminou a faculdade, está num mestrado. Ele tem cara de estar no meio acadêmico. De vez em sempre vejo ele de chapéu, o que acho curioso e bonito e também me faz concluir que ele ouve samba. Inclusive, já vi ele em uma festa que comprova isso. Ele tem duas cachorras vira-latas, dessas profissionais em serem vira-latas, bem amarelinhas. Ouço eles saindo e entrando do prédio direto, e elas sempre saem sem coleira. Não sei como a Nina não foi caçada no dia que caiu da janela!

Falando em janela, eu moro no primeiro andar e é bem baixo, não vai acontecer nada com a Nina se ela resolver desbravar o mundo novamente. Mas ela tá o tempo todo na janela. Sempre. Vez ou outra eu vou verificar se ela ainda está lá ou onde a pestinha se meteu, assim, por precaução. Numa dessas ela estava paradinha sentada na janela fazia muito tempo e fui ver o que tanto ela observava: era a Laura, filhinha dos vizinhos aqui do lado. Agarradinha nas grades da janela, a pequena, que só se via testa, franjinha e olhos arregalados, observava o ser branco e peludo. Quando eu apareci e falei com ela, rolou alguma comunicação tipo "gatinho" "aham" "você gosta de gatinhos?" ":)". A pequena, com uns 2 anos, não deu muita bola para mim. A mãe dela é uma querida, que faz geografia e leva a filha de bicicleta todosantodia para o trabalho, creche, faculdade. Eu não sei como é que dá certo, mas ela e o marido saem todos os dias de bike. Acho lindo. Eles acorrentam as bikes juntas, inclusive. Muito amô.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

6 coisas aleatórias que a gente se acostuma muito rápido



1. Trabalhar de pantufas.

2. Acordar acompanhado.

3. Ter tempo para tomar café-da-manhã.

4. Não ter que dar satisfações a ninguém.

5. Usar um computador, celular ou o que seja mais potente que o normal.

6. Não ter que pegar trânsito para se locomover.