sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

da rua: picolé sabor cigarro


parada ali, esperando o semáforo fechar pra poder atravessar a rua. já molhada, tomando mais chuva. um menino parou do meu lado e eu demorei pra notar porque tava desenrolando o fone de ouvido, pensando na vida, pingos caindo, a blusa prestes a ficar transparente etc. aí notei que o menino tava fumando. ele tinha uns 12 anos, carregava um free no meio dos dedos, dava tragadas rápidas e tossia repetidamente. cuspia a cada três tragadas e duas tossidas. inquieto, ansioso, ele batucava os pés que calçavam um chinelo nas poças que a chuva tinha formado. o sinal abriu, ele atravessou quase correndo, como se um dos carros parados pudesse acelerar repentinamente. eu fui ficando pra trás. ele parecia estar com pressa. ele pára, mexe no bolso e pega um carlton. acende com o resto do free, joga o free no chão sem dúvida nem olhar pra trás e continua andando. um celular na mão, duas tragadas, uma cuspida e ele desata a correr. dois minutos depois minha miopia o perde de visão. ele deveria ter a mesma altura da minha irmã de 11 anos e, ao invés de um cigarro, ele deveria ter um picolé.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

sobre (não) ter controle

As coisas mais bonitas que acontecem na nossa vida são as coisas que não conseguimos controlar. A gente escolhe com quem casar, mas não escolhe por quem se apaixonar. A gente escolhe ter um filho, mas não escolhe como ele vai ser. A gente escolhe dormir, mas não escolhe sobre o que sonhar.

O que dói é que a gente, justamente, não tem controle. A gente queria escolher a pessoa certa, o filho perfeito, o sonho mais bonito. Mas a vida não é assim. O que dói é que a gente também não escolhe se desapaixonar. Vê, eu não escolhi aquelas lágrimas baixinhas que caíram no meu rosto ainda pouco. Também não escolhi gostar de quem não gosta de mim. Eu escolhi te esquecer, mas não escolhi tua presença nos meus sonhos.

A gente destrói e constrói sorrisos e lágrimas todos os dias, com cheiro de alegria, com uma pitada de verdade ou com raiva e dessentimentos. Tem dias que as coisas só crescem, outros que elas só desmoronam. A gente não consegue controlar nada, e essa incerteza é que deixa tudo mais bonito. Essa beira do abismo, esse medo de altura, é tudo incerto, amorfo, inesperado.


"feel it break"

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

tormenta e calmaria

Ela era calmaria. Ela confortava, afagava, amava. Ela dizia o que precisava ser ouvido, estendia a mão do carinho quando vinha a grosseria. Ela botava panos quentes nos gestos frios. Ela lapidava as pontas que habitavam seu peito. Ela não sentia ciúmes, ódio, raiva. Ela desaparecia no meio da multidão. Ela só falava o necessário, para não incomodar. Ela não incomodava, não abalava. Ela era motivo de preocupação, de diminutivos, de abraços sem tesão. Ela era menina e mãe. As mãos na cabeça eram para fazer dormir. O abraço era para confortar o desconforto. O sorriso era para dar confiança. As palavras eram para encorajar. Ela estava disponível, acessível, de coração e sorriso abertos, pronta para fechar os braços ao redor dos seus ombros, pronta para aquecer aquele vazio.

Ela queria ser também tormenta. Ela queria desequilibrar a estabilidade que ela própria causava. Ela queria causar raiva, gargalhada, choro, ódio. Ela queria tempestuar. Ela queria fazer a perna tremer. Ela queria fazer virar do avesso as certezas guardadas na gaveta. Ela queria bagunçar, confundir, atormentar. Ela queria ter ciúmes, ter raiva. Ela queria excitar, provocar. Ela queria ser mulher. Ela queria tocar e desencadear taquicardia. Ela queria que seus movimentos fossem impetuosos, dilacerantes, viscerais. Ela queria tirar tudo da órbita.

Ela queria ser o que eram para ela. Ela queria que quisessem que ela fosse o que ela queria ser.

sábado, 24 de novembro de 2012

sigo queriendo


Sonhei que a gente ficava outra vez. Sonhei que você segurava minha cabeça entre as mãos e beijava minha testa. Sonhei que dormia no teu peito, que me aninhava no teu colo, que fazia de ti travesseiro. Sonhei que teu abraço me envolvia, que eu fechava os olhos, que a gente permanecia assim um no outro. Sonhei que acordava contigo do meu lado, que a gente divagava durante horas na cama, cobertos, fofinhos, quentinhos. Sonhei que esse dia era interminável, que a gente não tinha fome, mau hálito ou vontade de ir ao banheiro. Sonhei que você gostava de mim o suficiente pra querer fazer isso tudo comigo de novo. E percebi que, no sonho ou não, essa história é balela da minha parte. Percebi que não queria mais ninguém, que era tudo atuação da consciência em busca de distração. E quanto mais eu percebia, mais eu desesperava. Não quero, de novo, ter que dar explicações de coisas que não tenho. Não quero ter que responder por você se nem por mim eu sei dizer. Mas aí aprisionei isso tudo no sonho. Guardei, escrevi, não publiquei, trancafiei, selei e não mandei. Por enquanto eu não preciso contar pra ninguém, eu preciso é descobrir comigo mesma o que fazer - ou o que não fazer. Seria tão mais fácil se você gostasse também de mim :~) O que a gente precisa falar pra pessoa saber que a gente é dela?

terça-feira, 13 de novembro de 2012

palavras dos outros: soneto da mulher ideal

"Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade

Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão"


(Vinicius de Moraes)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

palavras dos outros: nozes

"ela: sua persona online era fofa e romântica e sonhadora mas, na vida offline, era cínica, não acreditava no amor, não queria compromisso.

ele: sua persona online era irascível e mordaz e rabugenta mas, na vida offline, era meigo, doce, queria colo.

se amaram."

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

6 coisas aleatórias que vou fazer assim que acabar o semestre




1) visitar minha vó

2) comprar plantas novas e fazer uma floreira com ervas.

3) consertar as poltronas lá de casa

4) fazer tatuagens e piercing

5) ler os livros comprados e não-lidos na praia

6) ir no[s] médico[s]

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Ela


Minha mãe sempre foi pra mim, frágil como um passarinho. Eu sempre olhava ela de longe, observava e sentia toda uma delicadeza e fragilidade, uma carência e necessidade de amor de todos os lados. Ela tem as mãos quentes, ela tem um abraço machucado. Sempre vi ela como uma pessoa pra eu cuidar, mais que ser cuidada por ela. Parecia que eu tinha nascido a mãe e que ela precisava de cuidado.

Minha mãe também sempre foi forte. Ela trabalhou duro, sofreu quieta, cuidou das duas filhas, voltou a morar com os pais, fez dar tripas coração, matou cachorro a grito, fez o que podia e não podia pra dar escola boa, sapatos novos, comida, carinho e amor pras duas filhas. Meu pai sempre falava que não sabia nem entendia como minha mãe conseguia fazer o que fazia. Nem eu.

Sempre quis pegar esse passarinho caído do ninho pra cuidar, mas nunca soube como. Sempre quis falar que ela nunca mereceu toda a dor que sentiu, mas nunca soube como. Sempre quis me desculpar pelas coisas mais absurdas e idiotas que a gente faz, mas nunca soube como. Se tem uma coisa que dói em mim é a falta que ela me faz.

Minha mãe cantava pela casa. Foi ela que me fez gostar da Gal, da Bethânia, da Adriana Calcanhoto, da Marisa Monte. Foi ela e a estante de livros de arte dela que me fez devorar e ler sobre Van Gogh, Picasso, Matisse, Frida Kahlo, Tarsila, Volpi. Foi ela que me fez ter vontade de sair da inércia, de trabalhar duro e muito, de querer desde sempre coisas melhores.

Minha mãe sempre foi linda, mas se encolhia na tristeza, dava pra ver. Hoje - e faz algum tempo já - minha mãe é feliz e muito mais linda. Não sei, mas imagino que ela continua cantando pela casa. Que ela continua preparando o café da manhã com frutinhas e iogurte. Que ela continua tomando chimarrão o dia inteiro. Que ela faz pausas pra se alongar de um jeito todo elegante. Que ela passa perfume antes de ir dormir. Tem vezes que eu só queria um abraço. Um colo, que ela fizesse massagem no braço com as mãos quentes. Minha mãe sempre foi pra mim muito do que quero ser.

(escrito no meio de lágrimas, fungadas e olhos borrados de saudades)

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

palavras dos outros: medo de você

"— E você, por que desvia o olhar?

(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarra-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.)

— Ah. Porque eu sou tímida."

(Rita Apoena)

sábado, 3 de novembro de 2012

o problema dela é que ela gostava demais

 O problema dela é que ela gostava demais. Ela gosta demais dele, dela, deles, das pessoas, dos que tratavam bem, dos que tratavam mal, dos que ignoravam, dos que eram importante, dos que nem mereciam tanto assim, dos pseudo-conhecidos, dos pequenos, dos grandes, dos incertos, dos motivos de conforto, das tormentas, da taquicardia e do desespero. Ela gostava demais e, pra não transbordar, usava em altas doses seu amor nos outros. Na verdade, ela drenava o sentimento porque não sabia muito bem como lidar com ele. Ela não sabia se ela gostava mesmo, se ela insistia na possibilidade de dar errado pra fugir da que poderia dar certo ou se não era nada disso. E por gostar demais, ela assustava. Não dava pra acreditar, era de se desconfiar como que alguém gosta tanto assim, tão fácil assim? Onde estão os bloqueios e as amarras? As hesitações e as incertezas? As dúvidas e as lamúrias? O problema dela é que ela gostava demais e, por gostar demais, ela se envolvia demais. Ela precisava de freios pra parar os próprios gostares. Ela precisava respirar fundo pra não se tornar uma tormenta, um desassossego, uma imposição. O problema dela era que ela gostava demais e, por gostar demais, ela não sabia o que fazer quando gostavam dela. Ela só sabia se meter em relações unilaterais, onde todo o gostar viesse só dela, porque ela o tinha de sobra. Toda vez que alguém enchia ela de gostar, ela sufocava, engasgava, transbordava. O problema dela é que ela gosta demais.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

palavras dos outros: Deleuze sobre a fidelidade (ou amizade, ou amor)

"A amizade. Por que se é amigo de alguém? Para mim, é uma questão de percepção. É o fato de... Não o fato de ter idéias em comum. O que quer dizer “ter coisas em comum com alguém”? Vou dizer banalidades, mas é se entender sem precisar explicar. Não é a partir de idéias em comum, mas de uma linguagem em comum, ou de uma pré- linguagem em comum. Há pessoas sobre as quais posso afirmar que não entendo nada do que dizem, mesmo coisas simples como: “Passe-me o sal”. Não consigo entender. E há pessoas que me falam de um assunto totalmente abstrato, sobre o qual posso não concordar, mas entendo tudo o que dizem. Quer dizer que tenho algo a dizer-lhes e elas a mim. E não é pela comunhão de idéias. Há um mistério aí. Há uma base indeterminada... É verdade que há um grande mistério no fato de se ter algo a dizer a alguém, de se entender mesmo sem comunhão de idéias, sem que se precise estar sempre voltando ao assunto. Tenho uma hipótese: cada um de nós está apto a entender um determinado tipo de charme. Ninguém consegue entender todos os tipos ao mesmo tempo. Há uma percepção do charme. Quando falo de charme não quero supor absolutamente nada de homossexualidade dentro da amizade. Nada disso. Mas um gesto, um pensamento de alguém, mesmo antes que este seja significante, um pudor de alguém são fontes de charme que têm tanto a ver com a vida, que vão até as raízes vitais que é assim que se torna amigo de alguém. Vejamos o exemplo de frases! Há frases que só podem ser ditas se a pessoa que as diz for muito vulgar ou abjeta. Seria preciso pensar em exemplos e não temos tempo. Mas cada um de nós, ao ouvir uma frase deste nível, pensa: “O que acabei de ouvir? Que imundicie é essa?” Não pense que pode soltar uma frase destas e tentar voltar atrás, não dá mais. O contrário também vale para o charme. Há frases insignificantes que têm tanto charme e mostram tanta delicadeza que, imediatamente, você acha que aquela pessoa é sua, não no sentido de propriedade, mas é sua e você espera ser dela. Neste momento nasce a amizade. Há de fato uma questão de percepção. Perceber algo que lhe convém, que ensina, que abre e revela alguma coisa."



"As pessoas só têm charme em sua loucura, eis o que é difícil de ser entendido. O verdadeiro charme das pessoas é aquele em que elas perdem as estribeiras, é quando elas não sabem muito bem em que ponto estão. Não que elas desmoronem, pois são pessoas que não desmoronam. Mas, se não captar aquela pequena raiz, o pequeno grão de loucura da pessoa, não se pode amá-la. Não pode amá-la. É aquele lado em que a pessoa está completamente... Aliás, todos nós somos um pouco dementes. Se não se captar o ponto de demência de alguém... Ele pode assustar, mas, quanto a mim, fico feliz de constatar que o ponto de demência de alguém é a fonte de seu charme."

Já sei o que dizer quando me perguntarem de novo "por que você gosta dessa pessoa?!"

✖ O Abecedário de Gilles Deleuze, transcrito todinho. Pra baixar em pdf aqui. ✖

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

6 outras frases aleatórias que levo pra vida

1) "it's hard to take risks with a pessimist"

2) "como siempre: lo urgente no deja tiempo para lo importante" Quino

3) "je decrète l'etait du bonheur permanent"

4) "first things first"

5) "O primeiro passo não é admitir que você tem um problema, mas identificar precisamente como você é um problema para os outros."

6) "sou um velho. sempre fui. sou apenas contemporâneo dos meus amigos" Mauricio Muniz

ps.: as outras 6 frases estão aqui.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

6 investimentos aleatórios para uma vida melhor


1) combo travesseiro + cama confortáveis.

2) uma cafeteira francesa.

3) matrícula numa aula de natação, pilates ou yoga.

4) uma cadeira de trabalho (pra casa) boa.

5) pantufas confortáveis.

6) passagens de ida.

domingo, 21 de outubro de 2012

sobre são paulo


São Paulo precisa ser amada. Seja pelas padarias, pelos incontáveis shows, pelo metrô, pelas feirinhas de antiguidade, pelo pastel, pelo sanduíche de mortadela, pelos prédios cinza, pelas passarelas gigantescas, pela arte de rua, pelos museus, pela Alameda Lorena, pelos bares, pela Augusta. (e eu preciso ser odiada por não ter tirado fotos dessas coisas)

A primeira vez que fui pra São Paulo, em 2009, me apaixonei perdidamente e estipulei como meta ir morar lá depois de me formar. Ter ido pra lá neste misto de tô terminando o projeto de conclusão de curso versus ainda tenho 3 anos de outra graduação aqui pra fazer me deixou em polvorosa, querendo largar tudo, dizer "foda-se" e ir passear na paulista. Mas, enquanto eu não ponho os pingos nos is da minha vida acadêmica, vou planejando outra visita a essa cidade que conquistou meu coração.

Quem diz que a Oscar Freire é uma rua bonita é porque não conhece a Alameda Lorena. Cheia de árvores, prédios simpáticos, cafés bonitos e, claro, a Livraria da Vila, minha futura casa (rs). Estantes de livro que rotacionam e formam a abertura, um buraco no meio da loja que comunica com a sessão infantil, escadas escondidas e estantes com livros que não acabam mais resumem meu deslumbramento. O Conjunto Nacional é outro amor, porque é lá que está a Livraria Cultura (que eu não consegui entrar porque estava fechada nos dois dias que passei lá). Ainda ali, temos a Rua Augusta, famoso recanto hipster/indie com bares ruins de esquina para beber cerveja no copo americano, cinema alternativo, brechós e lojinhas de roupa. Quase na Paulista (2 quadras pra baixo) tem uma temakeria chamada Koni: toda laranja, preços ótimos, kombos irresistíveis e toda uma simpatia (a pia é lin-da!).

O Centro de São Paulo é um amor sujinho, mas é amor verdadeiro. Seguindo o roteiro do Mac, com o Mac, fizemos o clássico "passar na Velvet CDs (Rua 24 de maio) > descer a rua Capitão Salomão, das lojas de DVDs > comer um sanduíche na Casa da Mortadela (esquina da São João com a Ipiranga)". Quando eu achei que já estava cansada de caminhar, fomos parar no bar/boteco/restaurante Estadão. Digo pra vocês: esse tipo de estabelecimento é bem e tão brasileiro que me dá raiva de não ter aqui em Floripa. Museu da Língua Portuguesa e Pinacoteca sem exposição temporária, só no acervo, me fizeram crer que fui na entre-safra de exposições e coisa e tal (por isso volto fim de novembro). E cinco reais (!!!) depois, show incrível do Wado na Funarte pelo Cidade Sonora (ai, SP, eu te amo!). Depois de várias músicas dos outros CDs além do Samba 808, cheguei em casa querendo ouvir todos e me perguntando porque diabos não tinha feito isso ainda. Depois do show ainda rolou um dos melhores hambúrgueres que já comi na vida (quiçá o melhor) na Hamburgueria do Sujinho (que é muito limpinha, por sinal). Ainda vale lembrar que conheci o Charles Henrique, o cachorro dos irmãos Dias e: que salsicha mais lindo! Dezesseis horas caminhando depois, cheguei em casa com os pés em frangalhos dentro do mocassim dourado.


Domingo era dia de ir na Bienal e no MASP, mas fiquei no sofá vendo friends até ter vontade de sair dali (se arrependimento matasse...). Como sempre, não entrei no MASP porque não ia dar tempo de ver nada (fecha 17h, fuen). Mas a feirinha de antiguidades tava bem bonitinha. Reconheço que a feirinha na praça Benedito Calixto que fui sábado (mesmo que por minutos) me pareceu muito mais simpática e interessante. Depois de uma viagem, andar de metrô até outra cidade e toda uma emoção de quando o carro sai debaixo do chão e você consegue ver a cidade pela janela, cheguei em Tamanduateí. Show da Tulipa Ruiz no SESC Santo André. Só tenho a dizer que foi muito amor. Com intervenções fofas de fãs pelo aniversário dela (que foi dia 19), rolou uma empatia muito grande da Tulipa lá no palco, fazendo gracinhas, toda soltinha. Pra quem recebeu críticas em 2010 no lançamento do primeiro CD porque não tinha postura no palco, ela cresceu e tá ótima. Como ela mesma disse "do CD que eu fiz quando eu era moça". Não duvido. A atuação em Víbora foi algo assim, sem palavras.


 Segunda teve passeio na Liberdade com direito a gritinhos causados pelas fofuras com carinhas de bichinhos em uma das lojas (coisa de japonês), carregamento de algodão doce em pote, suco bombom de uva verde (tem uva inteira no suco), chás chineses (?), biscoito de koala e um lixeiro altamente viado pra minha cozinha. São Paulo amanheceu fresca, com sol, seca. Só pra me fazer sentir mais saudades. Me espera, querida. Logo mais eu volto. E logo um pouco mais eu volto pra ficar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

6 coisas aleatórias que me falaram e me fizeram parar pra pensar

1) "Você é toda assustada, né? No tuiter ce é toda moderna, fala um monte, mas você tem uma postura assustada."

2) "Talvez você não seja organizada, talvez você tente muito ser organizada."

3) "A melhoria do que eu fazia e tu fez abaixo pode desaguar num Antônio Prata. Pas mal, d'accord?"

4) "Com o discurso do bem contra o mal, o mundo fica preto no branco, não sobra espaço pros cinzas."

5) "Uma relação é feita de tijolos: cada um vai colocando os seus. Se só um coloca, não tem como dar certo."

6) "Não é possível que você consiga entender o que eu tô sentindo só pelo meu olhar."

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

palavras dos outros: senhas

"Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem..."

Achei tão bonito :)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

6 coisas aleatórias e fofas sobre a Nina

Hoje faz um ano que eu fui pegar um filhotinho peludo e branco de olhos azuis no meio de outros seis. Hoje faz um ano que a primeira coisa que eu faço é dar comida, afofar e abrir a torneira pra essa bichinha tomar água. Hoje faz um ano que toda vez que eu chego em casa tem uma bolinha miando e me esperando na porta. Hoje faz um ano que eu escolhi ser mãe dessa coisa linda – e que sou completamente apaixonada. Por isso, hoje o 6 coisas aleatórias é especial pra Ninoca:

1) Ela pede pra beber água da torneira do banheiro.


2) Ela adora comer frutas:


3) Ela, em geral, não tem cheirinho. Um dia eu disse que ela cheirava a pão dôce, mas acho que não é bem isso. Agora ela tá cheirando amaciante por causa das cobertas limpinhas e cheirosas, nhoin.


4) Como uma gata que se preza, ela adora caixas e sacolas, se enfiar em buracos e coisas do tipo.


5) Ela gosta de comer sacolas de plástico de mercado. Sério, não sei qual é a fixação, mas fico altamente preocupada porque não deve ser nada saudável comer plástico

6) Ela se irrita com o despertador tocando e eu não ouvindo (normal) e vem me acordar miandinho e mordendo fraquinho. Nhac!

domingo, 23 de setembro de 2012

sobre escolhas e renúncias

"A vida é feita de escolhas" diz o clichê. E é mesmo, de escolhas e renúncias. Eu gosto muito do filme Diabo Veste Prada por vários motivos e um deles é como a personagem Andy, da Anne Hathaway, passa o filme inteiro repetindo "I didn't have a choice!" Ela usa essa frase como justificativa pelo atraso, falta ou ausência nas vidas de seus amigos e seu namorado desde que começou seu novo trabalho. Em um ponto do filme, seu namorado diz que sim, ela tinha escolha. Ela poderia simplesmente ter dito não à chefe, ter largado o emprego. Mas ela escolheu continuar. Ela escolheu o trabalho e isso significou renunciar alguns relacionamentos pessoais. Normal, digamos. Mas chega em um ponto que ela percebe que prefere seu namorado e seus amigos ao trabalho. E então ela escolhe eles e sai do trabalho. Simples, pero no es fácil.

É óbvio que a vida é feita de escolhas. Você escolhe o xampu que vai usar, o que vai comer no almoço, o curso que vai fazer na faculdade, se vai ou não fazer faculdade, se quer namorar ou não, se vai fumar naquela festa, se é mais importante pra ti ser a menina mais linda da cidade ou se vale a pena dormir 8h por dia. Muita coisa, a gente nem percebe que ou porque escolheu; muita coisa é consciente, muitas outras, inconscientes. E tudo tem consequência nessa vida. Mas veja bem: consequência não é castigo, é resultado. Eu escolhi fazer duas graduações, ter três frilas fixos, morar sozinha e estagiar. Resultado? Tô cansada e tenho tendinite. Renúncias? Ter tempo livre, poder sair sempre, ficar o final de semana inteiro olhando pro teto.

O que me importa é avaliar os resultados das minhas escolhas e pensar sobre o que estou renunciando. Se eu tô satisfeita com as escolhas que fiz? Estou. Se eu sei o que e quem estou renunciando a cada escolha que faço? Sim, eu sei. A propósito: eu tô é bem feliz. Cansada, mas feliz. Se vai valer a pena? Como é que eu ou você vamos saber?

"Se o que eu sou é também o que eu escolhi ser, aceito a condição"


 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

estereótipos: o normal conservador


Existe um tipo muito comum e corriqueiro que está sempre metido entre algum grupo. Você já viu, já notou, com toda certeza. Se não, quem sabe seja você! Ele é facilmente reconhecido, mas não tão facilmente lembrado. Isso acontece pela falta de características próprias e incomuns: ele está sempre dentro dos padrões estabelecidos por ele e outros que se dizem normais. Padrões esses que não são nem muito alto, nem muito baixo; nem magro, nem gordo; nem feio, nem bonito; nem loiro, nem castanho. Eles são o meio-termo, o lugar-comum, se diferenciam apenas pelo nome e sobrenome, se descritos possuem quase as mesmas características: cabelo castanho-claro ou loiro-escuro, nem tão castanho assim, mas não é loiro, calça e camiseta, tênis, mochila, nem alto nem baixo, é amigo de uns e outros. Na prática, se não existisse ou deixasse de existir, nem notaríamos.

Esse tipo, entretanto, é um desses senhores da verdade. Ele costuma separar o joio do trigo de forma que, no mundo dele, só há espaço para o preto e o branco; o bom e o mau; o certo e o errado. Dessa forma, faltam os tons de cinza, os entretons, as dualidades, as falhas, as incertezas. E, para julgar o que conhece - e por vezes até o que desconhece - ele classifica as coisas de acordo e unicamente com sua opinião, sua visão de mundo. Se para ele é branco, o preto estará errado. Assim, discorda de tudo que não esteja classificado em seu padrão de normalidade e, claro, condena quem escolhe o outro lado.

Assim, o inferno são sempre os outros. Ele, no pedestal da normalidade, do correto, da astúcia e dos parâmetros do homem-bom, não se deixa atingir pelas diferenças, pela pluralidade e pelas escolhas outras que existem pro resto das pessoas. Julgar é necessário, achar ridículo é obrigatoriedade, afinal, como ele pode concordar com algo que não é o que ele conhece? Mesmo assim, ele adora entrar nas discussões - claro, para reafirmar a sua posição intransigente e ditadora. No fundo, deve ser receio de experimentar e mudar e se transformar num desses "estranhos" que ele tanto critica bom a boca cheia.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

sobre a liberdade


Salão de beleza, média de idade das senhoras no local é de 50 anos, barulhos dos secadores de cabelo, cheiro típico de tintura, esmalte e finalizadores, o blablabla das senhoras de bobes na cabeça e uma pilha de revistas pra se ler enquanto espera. Sempre esqueço de levar algo pra me distrair e nunca quero ler nenhuma das revistas. Tenho preguiça. Tomei coragem, respirei fundo e peguei a Lola com umas chamadas interessantinhas. Deu certo. Na entrevista do Contardo Calligaris da Lola, fevereiro de 2011 (e que eu não achei online), ele falava sobre várias coisas. Relações, tristeza, liberdade. Li uma coisa que ficou ali, batucando minha cabeça: "a liberdade é um fardo".

Coloquei isso dentro da minha vida. A gente passa a infância querendo ser adultos. Pra quê? Pra ser livre, pra fazer o que a gente quiser - e a gente fala isso aos brados, estufando o peito. Mas aí a gente começa a crescer, começa a ser adulto, a ter contra pra pagar, filhos pra criar, xampu anti-caspa... e percebe que não é assim. Quanto mais livre somos, mais preso ficamos. Não existe a liberdade, existe a falsa noção da liberdade. Porque, quando somos livres, nos acorrentamos à liberdade.

Pra mim, a liberdade é uma utopia. Não digamos que seja ruim, então, mas é algo inalcançável. Como o Eduardo Galeano diz no vídeo abaixo (5:40), a utopia está no horizonte. Se você caminhar 10 passos, ela estará 10 passos a frente. Se caminhar 20, ela estará 20 passos a frente. Então, pra que serve a utopia? Pra isso: pra caminhar.



Por isso, pra mim, a gente passa a vida toda querendo estar onde não estamos: no ontem ou no amanhã. A gente só não pode esquecer que estamos no hoje.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

palavras dos outros: felicidade realista


"De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.

É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par, e não como ímpares? Ter um parceiro constante não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo às expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com três parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo."

Pesquisei, pesquisei e fiquei na dúvida se é mesmo da Martha Medeiros.

sábado, 1 de setembro de 2012

dores x delícias do mês de agosto: parte 2

Pensando bem, com o placar empatado em dores 5 x delícias 5, agosto não ia tão mal assim. Dá pra levar, todo mês deve ser assim, é birra nossa. Terminei o outro post falando que comprei o carregador novo pro meu computador - e teoricamente os problemas teriam terminado - mas o aviso service battery continuou aparecendo. Preciso ir na assistência técnica e, se tiver de trocar a bateria, serão uns R$500. dores 6 x delícias 5.

Papo vai, papo vem, e fofuras daqui, fofuras dali, as conversas desses últimos dias foram ótimas! Do novo amor platônico ao amor de muitos anos atrás que te manda email pra dizer que vem aqui ler pra saber de mim e do ser que atormenta teu planejamento diário nos últimos meses (mas, convenhamos, que eu deixo atormentar, que eu dou mais espaço que eu deveria, que eu dou mais prioridade que mereceria). Transbordando amor. dores 6 x delícias 6.

Novas paixões musicais: Silva, Cícero e Criolo. E, nessa onda brasileira - e fofíssima -, resolvi retomar um blog que eu tenho sobre coisas do Brasil. Me empolguei, já tem outro colaborador, tô arrumando o layout e em breve teremos posts lindos, semanais, ou whatever. dores 6 x delícias 7.

Floripa tem dessas: você sai, vê um cara lindo e tem certeza que ele não é hetero. Normal já. MAS e quando o cara lindo é hetero? Duas tequilas, duas cervejas e seiláquantotempo conversando. Até fui convidada pra uma festa uma semana depois. Se eu realmente iria? É, não deu pra ir. Mas ó . dores 6 x delícias 8.

Mas aí sábado foi um dia de preocupações: encanamento transbordando, uma nojeira que só vendo e aquela pessoa que some. Sumir não é o problema, o porquê do sumiço que é. E eu fiquei ali, com o coração na mão. Depois eu cortei o cabelo e pintei (ginger lifestyle) mas saí angustiada: foi caro e a moça cortou de-mais. Além disso, o cinza substituiu o azul do céu, esfriou e cheguei em casa louca por um chá. Nem tudo é rosa. dores 7 x delícias 8.

Depois do chá de sumiço, a pessoa reaparece. Parecia que tava apertando meu coração com a mão. Tudo bem, tudo mal, eu entendo mas não acho justificável. De qualquer forma, só queria saber se tava tudo bem lá dentro. Fui dormir com aquela sensação de impotência, queria poder fazer alguma coisa, qualquer coisa, sei lá. dores 8 x delícias 8.

Segunda começou com waffles de café-da-manhã, trabalhei em casa, teve gente rindo de graça, teve amor e fofura pra dar e vender. Terça começou com pesadelo, rinite matinal, chuva, tive que faltar a natação e dali pra frente foi estresse, angústia e desespero. Nada bom. dores 9 x delícias 9.

Resumo das últimas felicidades do mês: elogiaram meus trabalhos, minha cliente adorou as postagens da semana, um cara que faz trabalhos fuedas veio dizer que curtia meus trabalhos e me passou um frila, elogiaram meus cartazes pra minha amiga, elogiaram de novo meus trabalhos, tive uma reunião lin-da com a próxima-futura-atual-cliente & pra fechar com chave de ouro, um trabalho que fiz pra faculdade baseado num projeto da prefeitura TALVEZ vire realidade = tudo isso merece 2 pontos no placar. dores 9 x delícias 11.

No finalzinho do dia ainda temos a possibilidade que muito que vai dar certo de me mudar, de ir morar no apê de uma das minhas melhores amigas, de ser mais barato, da gente fazer um escritório ali no meio, num dos quartos, de, de, de... demais! dores 9 x delícias 12.

A gente reclama demais, vejam vocês. Acabo agosto sorrindo (entre choros, mas quem é que não chora de vez em sempre?).

Livremente inspirado no placar da Nucada durante o couchsurfing.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

palavras dos outros: las palabras feas más bonitas

 "Leí un libro en el que se decía que en una encuesta sobre las palabras más bonitas del español había resultado ganadora Cristal. Me quedé pensando si compartía o no esa elección. Hasta ese momento nunca había hecho una reflexión-elección de ese tipo con mi idioma. Al ser mi lengua materna y de uso cotidiano y normal nunca había reparado, en realidad, en su belleza estética. En el juego de la combinación de sus letras al ser pronunciadas más en unas que en otras. En separar concepto de estética. Entonces empecé a repetir: cristal... cristal... cristal... cris...tal... Y vi una nueva palabra. Y redescubrí mi lengua, mi idioma y su belleza. Adquirí verdadera conciencia de la vida propia de cada vocablo y de la vida que cobra en nuesta boca y nuestros labios cada vez que los pronunciamos. Unas con más gracia que otras, claro."

Luisa e Mac me passaram faz tempo já. Daqui.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

sobre a efemeridade das coisas


Desde que eu me mudei pra Floripa pra fazer faculdade, passo pela mesma avenida pra chegar na minha faculdade. Desde que passo por ela, ela muda. Esses dias passei uma semana viajando e, quando voltei, tinham demolido uma casa (ou um prédio). Tinha um buraco, logo perto de uma outra construção. O que me chamou a atenção dessa vez não foi ter mais um prédio novo sendo construído, mas eu não lembrar o que foi destruído. E eu acho que eu lembro agora, depois de muito pensar cá com meus botões.

Parei pra pensar no resto da rua. Tinha um grafite lindo numa parede dentro de um terreno baldio. Quando eu resolvi fotografar o grafite, quebraram a parede, fecharam o terreno e começaram uma obra. A loja linda de cama-mesa-banho fechou, virou uma loja de uma marca bizarra de motos verdes, foi tudo demolido e construíram um novo bar do tipo "sou fino". Umas lojas que eu nem lembro mais o que eram fecharam ou se mudaram, porque as lojas comerciais tão cheias de placas de aluga-se. A clínica veterinária mudou de lugar (não lembro onde era e o que virou o lugar antigo) mas usou a mesma placa desbotada pra fachada.

Sempre foi assim, se a gente parar pra pensar. As coisas nunca foram pra sempre, a gente nunca vai ter a certeza de nada, vai tudo mudar quando a gente menos esperar ou permanecer do jeito quando a gente mais quiser que mude. Casais de anos se separam. Casais de meses se casam. Pessoas morrem, animais morrem. Papéis pegam fogo, comida estraga. Poeira acumula e cabelos crescem.

"Congela o tempo preu ficar devagarinho
Com as coisas que eu gosto
E que eu sei que são efêmeras
E que passam perecíveis
Que acabam, se despedem,
Mas eu nunca me esqueço."


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

6 coisas aleatórias que sou rainha em


1) deixar comida estragar por esquecer de comer.

2) não ouvir o despertador.

3) me atrasar.

4) ler o email e esquecer de responder.

5) não entender ironia.

6) servir café, esquecer de tomar quando quente e tomar um gole frio.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

dores x delícias do mês de agosto

Agosto, mês do desgosto. Mês do cachorro louco. É tanto pré-conceito com o mês que quando vira 31 de julho, a gente pega a armadura e só tira quando chega setembro. Agosto começou comigo em Buenos Aires, numa semana que não podia ser chata, mas que, como num milagre, começou a chover e fechar o tempo lá justamente - vejam vocês - 1º de agosto. dores 1 x delícias 0. Voltei pra casa com muitas comprinhas, regalitos pros queridos, minha Nina estava bem cuidada e o domingo foi de música brasileira pra matar as saudades. dores 1 x delícias 1.

A semana ia bem até chegar sábado, eu falar o que não deveria e ser lido por quem não deveria e eu estar no olho do furacão. Estado de espírito borocoxo, aquele nó no peito e peso no estômago de ser idiota - quem nunca? - e um domingo de vodka e tequila. dores 2 x delícias 1. Mas no domingo teve um dia de família, ganhei 2 novas irmãs (filhas da namorada do papis), delicinha. dores 2 x delícias 2. Segunda começa com muita dor no nariz por ter pseudo quebrado o dito cujo na noite anterior. dores 3 x delícias 2.

Contas chegando, dinheiro acabando. Secador de cabelo queima. Fone de ouvido - novo - é roído pela Nina. dores 4 x delícias 2. Semana do cão, apresentação do artigo num seminário, tensão em cristo e muitos elogios tanto da apresentação quanto do trabalho em andamento. Ponto pras delícias. dores 4 x delícias 3.

Encanamento de novo com problemas, vou lavar roupa e transborda a área de serviço. Faxina compulsiva, mesmo porque não posso usar o computador porque o carregador dele parou de funcionar. dores 5 x delícias 3. Passar o dia na casa da amiga pra poder usar o carregador dela pra entregar os trabalhos, ficar de papo, litros de café e um pacote de suspiro. dores 5 x delícias 4.

Acordar 7:45 sozinha de uma segunda pós-duas-tequilas-sunrise, bem disposta, arrumar a casa, almoçar cozamigo, ganhar trevo de quatro-folhas pra plantar, comprar o carregador novo pro computador e elogios à um trabalho que fiz. Delícia é pouco! dores 5 x delícias 5.

Tenho nada pra reclamar não.

Livremente inspirado no placar da Nucada durante o couchsurfing.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

6 coisas aleatórias que você só pode perguntar UMA VEZ para mim


1) "seu nome é Cristal mesmo?" sim, é.

2) "quanto você tem de altura?" 1,81m.

3) "você joga basquete ou vôlei? por que não?" não, não gosto.

4) "o que tem pra fazer pra próxima aula?" sei o mesmo que você.

5) "seus pais eram hippies?" não.

6) "isso é mesmo uma tatuagem?" sim, tenho faz 5 anos.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

conversas não tão fictícias assim #7


- hola! eres de la ciudad de buenos aires?
- no.
- compreendes castellano?
- si.
- y hace cuanto tiempo que esta acá?
- hace dos días.
- y cuando vuelvas?
- por sabado.
- y no tiene ganas de conocer un hombre de la ciudad de buenos aires?
- (risos) no! gracias.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

6 coisas aleatórias da viagem de buenos aires

1) medialunas: croissant argentino, paixão no coração da menina Cristal.

2) rebajas: palavra em espanhol para "sale" e "liquidação".

3) hamburguesas: hambúrguer, que lá é uma palavra feminina e nham, muito bom!

4) mafalda: apesar de eu ter visto poucas coisas pro que imaginei que veria, tinham uns ímãs muito fofos com tirinhas dela.

5) borges: comprei dois borges de presente pra dois queridos e nenhum pra mim. um erro? certeza. (não ter comprado pra mim, os presentes foram muito acertados)

6) vinos muy baratos: vinho bom pelo preço em pesos argentinos do que se paga aqui em reais. coisa linda!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

conversas não tão fictícias assim #6


- tem ainda uma surpresa pra você.
- o que é?
- é uma surpresa, quando chegar você vai saber.

(...)

- tá, me diz que que é a surpresa?
- não! já disse que você vai saber antes de mim.
- a surpresa não é um filho, né? (em tom irônico e risos no final)
- QUE?! não! pode ficar tranquilo quanto a isso. (risos e uma pausa) lembra que eu disse que um filho nosso ia ser bonitinho? (mais risos)
- lembro, quando tu disse eu fiquei meio preocupado. não que eu não ache que um filho nosso ficaria bonitinho, mas não agora.
- não não, definitivamente não agora. a surpresa não é isso, não se preocupe.

(reiterando: não tô grávida e nem tem chances disso)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

6 pausas aleatórias para leitura que você deveria fazer



1) Blog Almanaque.
"Folheto ou livro que, além do calendário do ano, traz diversas indicações úteis, poesias, trechos literários, anedotas, curiosidades etc. (Houaiss). Do árabe al-munákh, "lugar onde o camelo se ajoelha", ponto de encontro e de conversa dos beduínos. Repertório, endimião, camião, sarrabal.
E como já dizia Roland Barthes, tudo aqui deve ser considerado como dito por um personagem de romance."


2) Já Matei por Menos
"Gerações de paquitas e remanescentes do movimento emo sentados com suas cervejas quentes no meio-fio da Augusta têm dificuldade em explicar porque insistem em usar esse corte de cabelo pouco funcional. Tufos de pelo no meio da testa… Como se a vida já não tivesse percalços o suficiente."

3) Petimentos
"Nossas vidas são abarrotadas de caminhos que deixamos de pegar; são todos pentimentos, mais ou menos encobertos: histórias que não se realizaram. Por que não se realizaram? Em geral, pensamos que nos faltou a coragem: não soubemos renunciar às coisas das quais era necessário abdicar para que outras escolhas tivessem uma chance. E é verdade que, quase sempre, desistimos de desejos, paixões e sonhos porque custamos a aceitar que nada se realiza sem perdas: por não querermos perder nada, acabamos perdendo tudo."

4) Afinidades Essenciais
"Quando a gente é muito jovem, ser amado parece ser o problema essencial da nossa existência. A gente se apaixona com tanta facilidade, e com tanta frequência, que encontrar alguém que retribua na mesma intensidade parece a parte mais difícil da vida. À medida que o tempo passa, se você for honesto com você mesmo, vai perceber que a parte difícil da vida é gostar por muito tempo de alguém."

5) Não fale com as plantas
"A tudo a gente se acostuma quando não dispõe de muita mobilidade. Mas vocês não queiram saber o que é uma voz falando e falando e falando sem que você possa empreender uma retirada leão da montanha. Ou simplesmente sair sapateando para a esquerda até estar a uns 100 quilômetros de distância."

6) A arrogância segundo os medíocres
"Essa censura intelectual me deixa irritada. Isso porque a mediocridade faz com que muitos torçam o nariz para tudo aquilo que não conhecem, mas que socialmente é considerado algo de um nível de cultura e poder aquisitivo superior. E assim você vira um arrogante. Te repudiam pelo simples fato de você mencionar algo que tem uma tarja invisível de “coisa de gente fresca”."

segunda-feira, 23 de julho de 2012

música de segunda: Laura - Bat For Lashes


Natasha Khan (ou Bat for Lashes, seu nome artístico) é uma cantora e compositora britânica conhecida pelo seu último álbum Two Suns, de 2009. Ela lançou hoje Laura, uma das faixas que estarão presentes no seu novo disco, The Haunted Man, que será lançado em outubro. E lançou também o clipe. A música é dessas melancolias perfeitas para um dia cinza de chuva, com um piano choroso e vocais deprimidos. O clipe é de uma beleza magnífica, como se a tristeza fosse colorida. Tô apaixonada:


Aí eu fui correndo baixar o Two Suns, caso contrário ia ouvir a Laura o dia inteiro no looping (não fez muita diferença) e o álbum é delicado, meio eletrônico, bizarro, experimental, intimista, melancólico. Não sei explicar com propriedade de quem conhece bem música, mas é lindo. A faixa Daniel foi uma das que mais chamou minha atenção, e pelo o que li sobre a Natasha, foi o primeiro single daquele álbum.

Coleciono paixões musicais.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

joyeux anniversaire!



1) Eu não deveria dizer isso que vou te dizer agora
A gente não deve dizer que está apaixonada pelo cara. Ele vai surtar e sumir, é o que sempre acontece. Eles não sabem lidar, acham mil coisas, tipo que eu não sei lidar com minha paixão, que vou ser uma louca perseguidora, que vou, ah, sei lá, eles acham todas as coisas. Por isso em geral a gente finge que não liga a mínima, se corrói toda por dentro, etc e tal. Acho e sempre achei um puta saco esse dôce todo. Porra, por que o cara que eu gosto não pode saber disso? Hoje um cara me perguntou "aquele cara que tava contigo é teu noivo?" e eu disse "não, mas poderia ser, que eu não ia me importar" e ele perguntou "mas ele sabe que você acha isso?". Não sei se ele sabe, então eu vou falar, pelo motivo 2 da lista:

2) A gente não deveria deixar de dizer as coisas
No começo do ano eu perdi um amigo de uma forma horrível. Ele morreu sozinho, mas matou também a parte dele dentro de todas as pessoas que gostavam dele, como sempre acontece. A gente não morre sozinho, na verdade. E eu percebi que eu não falava com ele fazia uma porrada de tempo, que tava com saudades e que, tragicamente, nunca ia matar essas saudades, elas que passariam a me matar um pouquinho todos os dias que eu lembrasse do sorriso mais lindo que eu já vi. Depois disso, depois de umas duas semanas de muito choro, muita tristeza e claro, pensamentos mil (ninguém consegue evitar quando essas coisas tão naturais acontecem perturbando a nossa normalidade), decidi que ia falar o que tivesse sentindo, sem medo. Quer dizer, ainda dá um pouco de medo de dizer certas coisas, mas o que não adianta é sofrer sozinha, se preocupar com o que você não pode controlar.

Se eu não gostar, você vai saber. Se eu gostar, vai saber. Se eu me preocupar, vou dizer. Se eu chorar, vou te dizer. Se eu sofrer, vou te dizer. Se der um nó no estômago, você vai notar. Não é fazer drama, chororô, cena, é ser sincera comigo – com o que eu tô realmente sentindo – e contigo – pra saber efetivamente se eu tô sentindo e o que. Quero ter a certeza de que quem eu gosto tenha certeza que eu realmente gosto e quem eu não me importo também saiba disso.

3) Eu não me importo
Eu não me importo de chorar, de sofrer, de sentir. Aliás, eu acho ótimo. Eu tô aqui pra viver, cazzo! Eu quero mais é me foder mesmo, é sentir frio na barriga, é incomodar, é fazer alguma coisa da vida pros outros, pra mim. Eu dou a cara a tapa se for preciso, eu entro na guerra, eu vou catar você pra cuidar, eu cozinho pros outros, ajudo, peço ajuda, me fodo e diabo a quatro. Se eu ficar controlando (mais) o que eu faço, vou parar aonde? Num vazio de sentimento? Eu nunca fui disso, nunca serei. Eu quero mais é chorar, sofrer, rir, gargalhar. Eu quero mais é me apaixonar pelo cara errado e dar com os burros n'água, gritar, dançar, rodar a baiana. Tô é pouco me fudendo. Não sou de plástico, eu tenho um coração e um cérebro. Quero mais é correr o risco. Correr o risco de me embebedar, de sorrir demais, de gastar demais, de me apaixonar, de odiar, de amar. Quero correr o risco de estar emocionalmente abalada. Eu lido com isso, a culpa não é de ninguém, é minha mesmo, que me permito. E me deixa, me deixa me permitir, que eu quero é sentir. Se eu não quisesse sentir, eu ia querer morrer.

4) Eu não ligo
"The less you give a damn, the happier you will be"
A gente demora pra perceber que quanto menos a gente gasta o suor se preocupando com o que não precisa, melhor a gente vive. É isso aí, se deu certo foi bom, se não deu, adeus. Tira a pedra de cima do problema, é mais fácil viver assim do que com as pedras em cima da gente, garanto. Deixar de frescura, se resolver, resolver as coisas... Não quero joguinho, acende e apaga, mimimi e escambau. Não sou dona da vida de ninguém, deixa que os outros façam o que quiserem. Aceito que é isso e deixo a vida levar. Claro que não aceito babaquice nem escrotice, mas também não preciso sair no tapa com alguém que não leva a sério nem a si mesmo, certo? Então ligue o foda-se, definitivamente. Para de dizer que ligou e stalkear o menino, para de fingir que não liga. Da minha vida cuido eu, da sua vida cuida você.

5) A graça é justamente isso
O que eu gosto é de saber que, mesmo que eu me engane, a gente não tem controle de nada. E é esse frio na barriga que é a graça de estar aqui. É justamente não saber o que pode acontecer, se vou ou não vou, o que vem pela frente – ou se vou voltar atrás. É justamente essa suscetibilidade da gente que faz de tudo bonito. Essa fragilidade faz eu querer quebrar mesmo, pra saber como é. Faz eu saber que tô feliz fazendo o que eu quero. E sei lá se eu vou continuar querendo isso daqui uns anos, eu tô vivendo o agora e agora, eu quero isso sim. Cabelo cresce, coração se recupera, o fígado se regenera. Tudo fica bem. Se vai ser bom ou não, nem tenho como e nem quero medir. Deixa quieto, o tempo vai dizer. A gente nunca vai saber se escolher o outro lado poderia ter feito da felicidade maior ou melhor. A gente nunca, nunca, vai saber tudo. E isso é muito, mas muito bom.

Hoje eu faço 21 anos e tô onde eu queria estar. Com as coisas que eu queria ter. Com o sentimento que eu queria sentir. E isso não há dinheiro que pague, não há colo que resolva, não há música que salve. Era aqui mesmo que eu queria estar. Então tá tudo certo. Vem cá, me dá um abraço e vamos beber?

quarta-feira, 18 de julho de 2012

ninguém disse que seria fácil

 
Eu lembro o dia que eu decidi estar onde estou. Eu era criança, frustrada, sofrida e angustiada. Não devia parecer, mas olhando pra trás a gente percebe os erros que foram acometidos na nossa vida. Como é que pode uma criança não gostar de brincar com outras? Eu tinha medo, vergonha, todos os sentimentos juntos me impedindo de sentir prazer e me divertir como toda criança o faria. Não. Eu não achava certo eu estar bem. Aliás, eu nem me lembro de vários anos da minha infância.

O dia que eu quis ser moça grande, morar sozinha, ter cabelo curto, usar óculos de armação branca e ser feliz foi um dia que, não lembro por qual motivo, eu estava me sentindo a coisinha mais insignificante do mundo. Eu fechei meus olhos, já na cama, e desejei do fundo do meu coração não ser nem estar mais ali. Porque eu não aguentava mais aquelas pessoas, não ser ouvida, ser inferiorizada, esquecida e menosprezada. Tudo isso com uns dez anos. Dez.

Agora eu tô aqui onde eu desejei há 10 anos estar. Agora eu quero desesperadoramente sair daqui de novo. Quero ir pra outro planeta, quem sabe. Quero ter que me preocupar com as coisas que uma pessoa na minha idade e situação deveria se preocupar. Quero me preocupar com o tema do meu projeto de graduação e não se vou ter dinheiro para pagar o aluguel. Quero me preocupar com as horas que terei para fazer os trabalhos das matérias das duas graduações que faço, não se vai sobrar dinheiro pra eu fazer mercado. Quero me preocupar com minha faculdade, não com um estágio ou trabalho porque preciso desse dinheiro pra comer.

E aí quando eu digo que criei uma barreira invisível pra me proteger das coisas que acontecem, sou tida como alguém que precisa se resolver. Se eu não tivesse ouvido desde cedo problemas que nada tinham a ver comigo e que eu não podia fazer nada para mudar, quem sabe eu tivesse me permitido brincar, sair, correr, me divertir.

A gente sofre demais e nem nota. E faz os outros sofrerem muito mais do que gostaria também.

domingo, 15 de julho de 2012

tenho duas coisas a dizer #6


"And I can't stand you
Must everything you do make me wanna smile
Can I not like you for awhile? (No...)"


"Don't turn the lights on
Cause tonight I want to see you in the dark"

quarta-feira, 11 de julho de 2012

6 coisas aleatórias que eu gostaria de ganhar de aniversário



1) uma fôrma de waffles

2) um abraço da minha mãe

3) uma festa bonitinha com todos os meus amigos

4) um aspirador (seríssimo)

5) o livro Linha do tempo do Design Gráfico no Brasil

6) *insira uma surpresa aqui*

segunda-feira, 2 de julho de 2012

música de segunda: radiohead ao vivo

Se tem uma coisa que eu preciso agradecer ao amigo André Almeida, foi a insistência que ele teve para que eu ouvisse Radiohead. E isso foi sei lá, em 2007? 2008? E os caras tão aí, lançando disco, revolucionando a indústria fonográfica, causando, fazendo shows geniais e todas essas coisas que o Thom Yorke e sua turma sabem bem fazer. Mas acho que a prova de que eles são foda é quando você se depara com eles ao vivo, só com guitarra, voz e chocalho (mentira, tem mais coisas). Não preciso dizer mais nada, só ouve:

domingo, 1 de julho de 2012

sobre se apaixonar


Esses dias um amigo veio com a seguinte conversa:
- Cristal, tu que é dessas que se apaixona, como eu faço pra me apaixonar? :(

Aí eu percebi que eu sou exatamente dessas. Eu tô sempre apaixonada. Sempre. Acho que se eu não estiver apaixonada, eu não tô bem. E não é por um cara. É, sei lá, pelo clima. Pela Nina, minha gata. Pela música que ouvi esses dias. Pelo trabalho que finalizei. Pela cafeteira nova. Pelo sorriso que a menina me deu quando eu ajudei ela. Pelas risadas que renderam da conversa com algum amigo. Pelo que almocei. Por tudo, por quase tudo.

Mas aí eu percebi que quando eu me apaixono por alguém – o que não é nada difícil também, como já disse –, é uma coisa por partes. Envolve eu gostar da pessoa, claro. Depois, o que ela gosta de fazer, o que ela faz, como ela se porta, o que ela é e esse tipo de coisa. Se ela não é uma pessoa babaca também é importantíssimo.

Aí começam os pormenores.

Eu tenho uma coisa muito muitíssimo forte com cheiros. Cada pessoa tem o seu cheiro e eu reconheço isso, é meio bizarro. Da série "meu vizinho acabou de sair de casa" porque senti o perfume dele no corredor do prédio (juro!). Então, quando me apaixono, tenho no pacote o cheirinho da pessoa. De chegar pra dar um abraço e sentir o cheiro e já ficar boba? Meu jeitinho.

O gosto musical precisa ter algo em comum, eu preciso curtir algo que ele curta também, ou a gente passar a gostar de alguma coisa. Sabe quando você manda uma música e diz "olha que linda" e a pessoa fala "nossa, demais" e vocês ficam nessa? Então, só que eu crio uma espécie de trilha sonora pra cada pessoa. Como se eu pudesse dizer 3 artistas pra cada pessoa querida que eu conheço.

Guardo o cheiro, a música, os gostos curiosos num pote ou descrevo-os numa lista e aí temos as mil e uma (ou três, ou dez, ou uma) razões para eu me apaixonar por aquela pessoa. Sabe o que? Acho que é isso, é você ter motivos para gostar de uma pessoa, motivos que venham da própria pessoa. Dessas coisas pequenas que ela faz, do jeito errado que ela se porta, do sorriso bonito ou do jeito que fica emburrada. Você só vai se apaixonar se gostar do que vê. E, como disse um amigo meu, a gente só gosta e consegue ficar com alguém quando não quer mudar a pessoa, aceita ela com aquelas coisas que te irritam de vez em quando.



Sobre se apaixonar ou não, a gente precisa estar disposto a isso. Não adianta estar com "a porta, se assim podemos chamar ao coração, essa estava trancada e retrancada". Essa é a diferença do porquê eu tô sempre apaixonada, creio eu: eu deixo me apaixonar. Tanto faz se tá certo, errado, deveria ou não, vai doer ou não. Racionalizar estraga toda a beleza da espontaneidade das paixões.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

6 coisas aleatórias sobre a minha natação


1) Toda vez que eu entro na piscina eu penso que poderia, sei lá, morar dentro d'água.

2) As mulheres que fazem hidroginástica no mesmo horário que eu faço natação sempre estão preocupadas com a próxima viagem com o marido, se a empregada é boa e barata, se a sopa estará pronta e coisas do tipo.

3) Minha touca rasgou na última quinta-feira :~

4) Saio morta, mas completamente renovada. Faz um bem danado!

5) Quando você divide a raia com alguém que está muitos níveis acima, é frustrante, porque a pessoa vai e volta duas vezes enquanto você foi, parou pra respirar e voltou.

6) Uma senhora de cabelos grisalhos e compridos me parou um dia e perguntou se a cor do meu cabelo era natural e elogiou. Assim, de graça. Fiquei tão feliz : )

segunda-feira, 18 de junho de 2012

6 pessoas aleatórias que fazem a diferença na sua vida


1) Seu pai e sua mãe. (Obrigada, amo vocês.)

2) Amigos que possam e saibam e consigam te orientar, te criticar e te ajudar, em assuntos do coração ou de trabalho. (Tina e Ana Flávia, obrigada.)

3) Um orientador que te oriente e não deixe você se desorientar. (Murilo, obrigada.)

4) Alguém que te faça sorrir sem mais nem menos, que te dê saudades mas que esteja presente mesmo estando longe. Um ponto de vista objetivo e pragmático do amigo engenheiro. (Matheus, obrigada.)

5) Um chefe que, querendo ou não, acaba facilitando o teu trabalho por ser assim, uma pessoa boa, uma pessoa ótima. (Tais, tô com saudades! Obrigada.)

6) Colegas de trabalho que façam do trabalho, uma diversão levada a sério. (Fá e Gui, obrigada.)

terça-feira, 12 de junho de 2012

conversas não tão fictícias assim #5


Eu, no mercado, esperando meu pastel ficar pronto. Um menino do meu lado, querendo puxar assunto – depois de eu olhar simpaticamente porque ele pediu um pedaço da massa crua do pastel pra comer:

- Você estuda na UDESC?
- Sim.
- O que você faz?
- Design gráfico : )
- Ai, coragem! (risos) – já deu pra perceber que ele era zuper afeminado, né?
- Por quê?
- Ai, eu também sou tipo um design. (eu pensei: ele falou um tipo de design)
- Você faz moda? (não to te entendendo, moço)
- Não, sou design de cabelo. (risos) – provavelmente vendo que meu sorriso foi amarelo, tenta consertar – Ai, tudo é design hoje em dia, né? Cabelo, moda...
- Hehe.

Correção: nem tudo é design, moço. Quem faz design é designer. Não te odeio etc nem odeio quem não sabe isso, só não sei lidar quando alguém fala que é "design" de um jeito tão orgulhoso. Quem é designer quase nunca faz o mesmo.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

6 frases aleatórias que levo pra vida

1) "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

2) "Não faça pros outros o que não gostaria que fizessem a ti mesmo."

3) "Muito ajuda quem não atrapalha."

4) "Si todo empieza y todo tiene un final, hay que pensar que la tristeza también se va, se va, se fue…"

5) "Uma pessoa que é legal com você, mas não é com o garçom, não é uma boa pessoa."

6) "Be the type of person you want to meet"

domingo, 27 de maio de 2012

mulheres, sejam menos idiotas!


"Mulheres são seres complicados." Não, mulheres são idiotas mesmo. Eu li um post de um blog esses dias (queria mucho postar ele aqui, mas não posso, questões protocolares de boa samaritana) que a menina reclamava por ter ouvido de dois carinhas que ela era "nota 7". O problema não era isso (porque né, eu até entendo que deve ser chato ouvir que você não é "nota 10"), o problema era ela supor que eles disseram aquilo porque: ela tava de moletom, sem chapinha e sem maquiagem. Claro, é muito mais fácil pensar que era por isso do que porque eles não te acharam uma gostosa, né? Mas, na boa, você é tão linda e gostosa assim pra merecer mais que 7? E, anyway, por que você se importa tanto?

Tenho pra mim que essas mulheres de hoje em dia (eu, inclusive) receberam uma educação equivocada sobre como e o que é ser uma mulher. A gente é ensinada, pelo o que e com quem convive a ter uma postura de vítima, de culpar os meninos, de esperar demais das pessoas e da vida. A gente diz que é feminista, adora dizer que os homens sofrem bem menos que a gente (ok, depilação é um saco, eu sei), mas a gente deposita todas as fichas nas atitudes deles. Me diz: como isso pode dar certo? Vamos parar de ser machistas, por favor? Vocês encaram o mundo e os problemas do mundo como se fosse culpa da postura dos homens. Homens estes que, de acordo com vocês são todos iguais.

1. Pára de fazer dôce, menina!
Imagina só como não seria melhor o mundo se quando alguém quer ou não alguma coisa, essa pessoa deixa claro isso! É fácil: é só parar com todo o chororô antes de ficar com alguém, por exemplo. O menino não vai achar que você é uma vadia, vai é ficar feliz!
Mas uma coisa importante: deixar claro é deixar claro mesmo. É falar que quer dar um beijo, convidar pra dormir na sua casa etc. Não é falar no facebook e esperar que o cara entenda que você tá a fim. Homem não entende indireta e muher adora falar dando voltas. Foco, mulherada, foco!

2. Se você não se acha bonita, por que os outros têm de achar?
Mulher tem uma mania – idiota – de reclamar da aparência pra quem estiver por perto. Reclama que engordou, da celulite, da espinha no nariz, das olheiras, do cabelo, das unhas... Se todo esse esforço fosse revertido em mudar todas essas coisas, garanto que: você estaria mais feliz consigo mesma e as pessoas te achariam mais bonita. Se você só fala das coisas que acha ruim em você, no que você acha que as pessoas vão prestar atenção?




3. Homens também podem escolher.
Imagine o diálogo:
- Eu não quero namorar, não quero compromisso, ok? – ele, pensando que tá bom assim, ou que pode querer ficar com outras pessoas, aquela coisa normal de quem não quer compromisso mesmo. E feliz, porque como deixou claro ela não vai virar uma psicopata.
- Sim, eu entendo. Claro. – ela, pegando o telefone pra ligar pra amiga pra reclamar que ele é um canalha (oi?) ou pra dizer que ele não quis dizer isso, porque vocês ficaram no dia depois dele dizer isso.
Eu não sei mesmo porque é tão difícil, pra maioria das mulheres, entender que os homens têm a opção não gostar ou não querer. É como se, se a menina quer ficar com o cara, é óbvio que ele precisa querer também. Isso é tão, mas tão machista... é inclusive se tratar como um pedaço de carne que os homens tem a obrigação de querer, e que é pra isso que você tá no mundo. Aceite que o cara não te quer e não sofra. Deu, cabô o drama.

4. Me olhou de canto e eu já tô planejando o enxoval.
Então, tudo errado. Vocês ficaram hoje e amanhã você já contou pra todas as amigas, com detalhes, já tá pensando em como vai ser apresentar ele pros teus pais, já cruzou os signos pra ver se combina, já mudou o nome na agenda pra "amor", já... já parou pra pensar que pode não dar em nada? Criar expectativas só serve para: decepcionar depois. Você ainda não conhece o cara, não sabe se ele vai gostar e querer continuar contigo, não sabe nada! Deixa o cara viver a vida, ir no futebol, sair com os amigos, beber, o que ele quiser fazer. Você não é dona dele! E, vale dizer, que mesmo que vire namorada, vai continuar sem ser dona!
Adendo: tá, pode pensar essas coisas, eu sei que é impossível não planejar mentalmente o casamento com o menino haha, mas plmdds: aja como uma pessoa normal e lembre-se que pode dar tudo errado!

5. Stop the mimimi
Se o cara não te quer, aceite isso, chore se precisar, mas lembre-se que ele não é o único cara do mundo. Se o cara não quer compromisso, aproveite o não-compromisso com ele, ué. Se acabou, acabou. Se você quer – e ele também, faça. Se ele não ligou, não encane. Se ele te convidou pra sair, pense duas vezes pra não parecer desesperada. As coisas são simples, as mulheres que complicam tudo. E por isso que as mulheres são idiotas. Porque: se decepcionam por criar expectativas por alguém que mal conhecem; por querer que, em uma semana, o cara te peça em namoro; por não saber ser feliz e esperar que outro traga essa felicidade.

A vida não é um conto de fadas, sinto informar. Não vai ter príncipe encantado, sapatinho, fada madrinha e esse tipo de coisa. A vida real é um pouquinho mais complicada, mas nem por isso deixa de ser bonita. Tem muita gente por aí com muito amor pra dar, tem muita gente linda, tem muito motivo pra sorrir e ser feliz, é só parar de achar que a vida vai ser como a da Cinderela.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

6 coisas aleatórias que eu sempre faço com meu pai

foto de 2006, gente. 2006!

1) Caminhar no Centro de Floripa e, depois, tomar um caldo-de-cana doce e gelado.

2) Pastel de camarão + cerveja (ou Pureza) em algum canto em Santo Antônio de Lisboa.

3) Torta (preferencialmente de maçã) + café e duas horas de conversa.

4) Trocar livros: ele me dá ou empresta (sempre), eu empresto ou dou pra ele (raramente).

5) Enlouquecer dentro de um R$1,99.

6) Confabular sobre a política, a minha tatuagem, nossos novos trabalhos, a faculdade, nossos novos ou antigos amores, as irmãs, a vida, o dentista, a agenda que ele parou de usar em março...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

quero ser feitinha pro poeta


Ontem eu peguei um caderno em branco, dos muitos que eu compro e não uso (mania de designer que precisa sempre dum caderno de rascunhos por perto) e coloquei um título: Livro das Listas. Me propus a listar várias coisas, vários assuntos, coisas que quero riscar da lista, cedo ou tarde. Comecei com "Coisas para o Projeto de Graduação", pois quero ir na FLIP, tenho que comprar uns livros; depois listei as "Compras para a cozinha" porque né, eu adoro cozinhar e quero uns utensílios frescos!

A ideia ficou na cabeça. Listando mentalmente as coisas, lembrei duma música que, por si só, é uma lista do que eu quero ser, desde que ouvi ela pela primeira vez. Feitinha pro poeta, do Bossacucanova com Roberto Menescal:

"Que seja carioca no balanço
E veja nos meus olhos seu descanso
Que saiba perdoar tudo que faço
E querendo beijar me dê um abraço

Que fale de chegar e de sorrir
E nunca de chorar e de partir
Que tenha uma vozinha bem macia
E fale com carinho da poesia

Que seja toda feita de carinho
E viva bem feliz no meu cantinho
Que saiba aproveitar toda a alegria
E faça da tristeza o que eu faria

Que seja na medida e nada mais
Feitinha pro Vinícius de Moraes
Que venha logo e ao chegar
Vá logo me deixando descansar
"
<3

domingo, 20 de maio de 2012

o pacto de desconhecência


Eu não suporto pseudo-conhecidos pelo simples fato de que nunca sabemos como agir com esse tipo de pessoa. Você pode conhecer ele, como no meu caso, saber o nome, o curso, a fase em que está na faculdade, ter amigos em comum, ele ser melhor amigo de uma pessoa que alimenta desafetos por ti e mesmo assim vocês não se cumprimentam. Vocês até se esbarram na festa, se encaram por alguns segundos, mas vocês não podem se cumprimentar.

Existe uma cortina invisível que mantém essa pseudo-conhecência e que regula os olhares desavisados que se encontram vez ou outra. Eu não posso cumprimentá-lo, tampouco ele pode fazê-lo. Isso seria quebrar a etiqueta da desconhecência que nos assola.

Ele sabe quem eu sou, o que eu sou e o que eu significo. Talvez seja por isso que sejamos apenas pseudo-conhecidos e não conhecidos. Mais que isso, talvez seja por isso que quando a gente, por ventura, tem os olhares interceptados pelo outrem, seja tão confuso. É um olhar bem fundo, bem no fundo dos olhos, quase que de provocação. O que esse pseudo-conhecido acha que é para enfiar-me os olhos tão fundo nos meus próprios?

quarta-feira, 16 de maio de 2012

6 pseudo-coisas aleatórias que eu não suporto

1) pseudo-amigos.

2) pseudo-abraços.

3) pseudo-inverno.

4) pseudo-relacionamentos.

5) pseudo-baladas.

6) pseudo-chuva.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

6 pequenos prazeres aleatórios que eu cultivo


1) Passar a roupa de cama.

2) Tomar café-da-manhã todos os dias.

3) Comprar escovas de dentes das caras e especiais.

4) Comer o que eu tenho vontade, quase sempre, e sem pensar em quantas calorias tem cada coxinha.

5) Não tirar as cutículas.

6) Tomates orgânicos.

domingo, 6 de maio de 2012

namorar ou não namorar, eis a questão



- Você vai namorar ele, Cristal?
- Se ele quiser me namorar...
- Que bonitinho!

Fora de contexto. Contextualizando.

domingo, 22 de abril de 2012

tenho duas coisas a dizer #5

1)

"Congela o tempo preu ficar devagarinho
Com as coisas que eu gosto
E que eu sei que são efêmeras
E que passam perecíveis
Que acabam, se despedem,
Mas eu nunca me esqueço."

2)

"O mundo muda assim sem avisar
Sem pedir licença
O dia clareou, lá fora num instante
O mundo muda assim sem me falar
Mas eu não mudo
Tão fácil assim, só se for domingo"

Clima de domingo.

sábado, 21 de abril de 2012

Rique, ou o sorriso mais lindo que eu já vi


Abri minha agenda de dois mil e onze com uma dúvida besta de onde eu havia passado o carnaval naquele ano. Me deparei com, no dia quinze, o nome de um amigo, sinalizando que é dia quinze seu aniversário. Meu amigo se chama Henrique Vasques e ele se foi faz dois meses, hoje [02/03].

Eu conheci o Henrique em dois mil e oito, pela internet e pelo irmão dele, o Victor. Na época eu queria saber de alguém que fizesse design o que esperar da profissão, e fui, na cara-de-pau, falar com o Victor porque já lia o blog (na época) dele, o Com Limão. Dei a maior sorte do mundo, porque além de super atencioso com as minhas dúvidas, o Victor é uma pessoa maravilhosa, linda mesmo. E, de quebra, ele me apresentou um dos meninos mais incríveis que já conheci na vida, o Henrique, irmão dele.

De Natal, naquele ano, o Henrique me mandou Memórias Póstumas de Brás Cubas, do Machado de Assis, porque sabe que eu amo ele e um livro sobre a história da publicidade, porque sabia que eu queria estudar design. Tinha um bilhete muito fofo junto, que, se eu me lembro bem, está no meio do livro, na casa da minha mãe, junto com alguns livros meus que continuam lá.

A gente só se conheceu pessoalmente em dois mil e nove, quando eu finalmente fui parar em São Paulo e pude abraçar aquele menino que era lindo em todos os sentidos e centímetros da palavra. Não me arrependo de nenhum segundo que a gente passou junto, e o que vem aqui na minha mente quando lembro dele é aquele sorriso lindo, o mais lindo que eu já vi.

Esses dias sonhei que estava em São Paulo, na farmácia da Avenida Paulista que eu comentei, lá em dois mil e nove, com o Henrique que eu perderia horas dentro dela, porque parecia ser muito legal (e eu amo farmácias). De repente, o Henrique aparecia na farmácia, sorrindo, e falando:

- Cristal, o que você está fazendo aqui, menina?

Eu nem consegui responder. E eu corri abraçá-lo. E abracei, e não queria mais soltar. E ele rindo, como sempre, me perguntava porque eu não soltava, e dizia que eu não precisava me preocupar, porque ele não iria a lugar algum. Mas eu não conseguia, eu sentia que ele ia fugir de mim, desaparecer, sumir. E eu abraçava mais forte, apertando os olhos e tentando grudar nele, porque desse jeito, quem sabe, a gente não se separasse mesmo. Aí eu acordei, terrível. Percebi que e o que eu tinha acabado de sonhar e me deu um aperto no peito, um nó no estômago e eu só consegui abraçar meu travesseiro. E a maior tristeza desse mundo é saber que não terei mais abraço, sorriso ou gentilezas e fofuras da sua parte, amigo. Acordei sabendo que eu não tinha mais o que dizer pro Henrique, pois ele não poderia mais me escutar.

Perder um amigo é muito triste. Dói demais, e vai doer para sempre. Se tem uma coisa que era unanimidade, era como você era uma pessoa incrível. Como todos os milímetros do Henrique eram lindos. Eu nem sei com quais palavras te descrever, porque quem te conheceu sabe exatamente quão grande de espírito você era.

Todos vamos e já sentimos sua falta.
E eu, eu só tenho a agradecer por ter tido a oportunidade de conhecer o Rique.

“Quem sabe o que é ter e perder alguém
Sente a dor que eu senti
Quem sabe o que é ver quem se quer partir
E não ter pra onde ir”