sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Pessoas de humores difíceis

Existem pessoas de humores mais fáceis. Pessoas que riem de tudo, que acham graça nas mais bestas inclinações de espírito. Pessoas que riem da desgraça alheia, da dor do outro, das coisas engraçadas, dos vícios, das diferenças, da segregação e do preconceito, do possível e do impossível, do que não deu certo e do que deu também. Elas caem na gargalhada por qualquer motivo hilariante e acham as piadas do tio do churrasco tão engraçadas quanto as piadas de um comediante profissional. Elas riem de tudo, tudo mesmo. Elas até sabem rir de si. Elas acham graça na vida e em uma porção de combinações de fatos que nem sempre seriam motivo de graça. Elas riem porque é fácil e "a vida já é muito difícil".

Existem humores mais difíceis também. Pessoas que não riem de tudo. Elas não sabem rir de tudo. Elas acham preconceituoso, de mal gosto, moralista, mal-educado, irritante. Elas simplesmente não entendem onde mora a graça. Onde está o motivo pra rir? Elas só acham graça se for realmente engraçado. Isso na visão torpe delas, claro. 
 
Essas pessoas têm um buraco preenchido de outros tipos de reações e sentimentos. Simples. Se é triste, elas podem chorar. Se é doloroso, elas sentem dor. Se for engraçado, mas apenas se for mais engraçado que qualquer outra coisa, elas acharão graça. Não que os outros não tenham variados sentimentos, mas eles preferem achar graça de tudo. É mais fácil. Não é?



sexta-feira, 22 de novembro de 2013

das coisas que a gente têm


A diferença absurda entre o tipo de trabalho que eu mais gosto (em suporte, cores, tipografias e finalidade) com o que eu realmente tenho feito tem me deixado inquieta. Não é (só) uma questão de estilo, é de crise de identidade mesmo. Porque de vez em quando a gente se perde e precisa se redescobrir, se remontar, se achar. E nesses processos eu fiquei na dúvida do quanto eu poderia ir pra frente e acabei ficando pra trás. Difícil é perceber que a culpa mesmo, foi minha. E depois de um ano de ré e um ano pra re-engatar o fluxo, acho que os traumas e processos estão se refazendo.

Outro dia eu abri meu guarda-roupas e vi lá 6 ou 7 calças jeans. Na mesmíssima hora eu lembrei que quando eu tinha uns 10 anos, uma das coisas que eu queria era ter 6 ou 7 calças jeans. A distância entre o que eu queria há 10 anos para tudo o que eu tenho hoje não existe mais: eu tenho tudo o que eu queria ter. Tenho uma gata, moro sozinha, trabalho, tô terminando a faculdade, as pessoas elogiam meu trabalho, tenho os amigos dos sorrisos mais lindos, o namorado mais lindo do mundo, conheço pessoas que gostam das mesmas esquisitices que eu, uso óculos, trabalho num lugar que gosto e ponto.

Qual o meu problema? Justamente: não ter problema nenhum. Preciso listar os próximos objetivos pros próximos 10 anos da minha vida, senão enlouqueço. Já coloquei morar no Centro, comprar um apartamento, perder o medo de andar de bicicleta, mas mais do que isso parece tão longe. A vida é assim, um eterno querer do que não se tem, uma eterna saudades do daqui a pouco e do que acabou de passar.

sábado, 14 de setembro de 2013

redemoinho

claustrofóbica de mim mesma,
sufocada dentro e fora de mim.

presa nos piores disparates de cristal,
nas melhores boas vontades de muniz,
me sinto assim,
como se tivesse enrolada em fita durex.

colada,
presa,
angustiada,
incômoda.

soltar significa grudar
e quanto mais eu solto,
mais eu me grudo
em mim.

a dificuldade maior é saber se grudo
solto
continuo
sufoco
respiro
ou nada faço.

terça-feira, 2 de julho de 2013

6 coisas aleatórias que ainda faltam aqui em casa

1. uma jarra de suco em formato de abacaxi.

2. um aspirador-vassoura elétrica

3. uma luminária de pinça pra escrivaninha.

4. um puxa-saco em formato de galinha morta.

5. uma estantezinha do lado da escrivaninha

6. uma panela de pressão.

sábado, 8 de junho de 2013

do mercado: entre berinjelas e abobrinhas

Entrei no mercado apenas pra comprar areia pra Nina e pão. Mas, sabe-se-lá-porquê parei na seção de frutas, verduras e vegetais em geral. Enquanto escolhia apressadamente minhas abobrinhas e berinjelas e pensava que era mesmo uma senhora por estar comprando vegetais de novo, percebi que estava ouvindo música num volume ensurdecedor. Típico dos dias que saio de casa sem sair da minha bolha. Mas no mercado eu desligo a música. Sei lá porquê, mesmo.

 
Notei que a música não era um sertanejo-eletrônico-meio-pagode-meio-funk num volume alto demais (o que geralmente acontece, em se tratar de mercado rosa), mas não prestei muita atenção. Como eu tava de óculos e sem meu filtro pessoal de não ver nem perceber as pessoas, acabei notando um moço que escolhia umas frutas enquanto eu embalava minhas cebolas. Ele parecia agitado, balançando. Depois de um tempo, percebi que era a segunda música de rock. Na sequência. E o moço continuava se mexendo enquanto colocava frutinhas no saquinho. Aí notei que ele tava tão empolgado (e não era com as frutinhas, óbvio) que tava até cantando (sem voz, gesticulando só – porque o moço tem um pouco de simancol).

Depois encontrei ele em outros corredores, na padaria e ele continuava cantando enquanto eu batucava de leve os pés no chão. A música era algo tipo iron maiden, sabbath ou metallica, não sei direito porque não ouço de verdade nem nunca ouvi de verdade essas bandas. Fiquei com a impressão de que alguns dos funcionários muito espertinho colocou o CD que gosta de ouvir pra tocar pro mercado inteiro, porque enquanto esperava a fila do caixa rápido-que-nunca-tem-caixas-pra-ser-rápido, a música parou de repente e um daqueles sertanejo-eletrônico-meio-pagode-meio-funk num volume alto demais começou a tocar.

terça-feira, 4 de junho de 2013

todo dia ela faz tudo sempre igual


café arruma cama limpa a caixinha dá comida e troca a água da Nina almoça lava louça café trabalha até dizer chega tem dias que tem bolinho tem dias que lava roupa tem dias que tem naninha depois do almoço tem dias que tem que dividir o travesseiro tem dias que molha as plantas checa emails confere as postagens tira foto abre a janela pro vento entrar e quem sabe um solzinho cozinha faz café chá e toma água toma banho fica de preguiça na cama demora pra levantar afofa a Nina faz bagunça precisa se arrumar todo dia ela faz tudo sempre igual mas todo dia é diferente.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

6 tipos aleatórios de limpeza de espírito

1. dar unfollow no twitter.

2. deletar os pseudo-conhecidos do facebook.

3. doar as roupas que você não usa mais.

4. descongelar a geladeira.

5. excluir e reorganizar todo o desktop.

6. escovar os dentes.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

vizinhança

Abri a janela e dei de cara com um apartamento vazio. Minha janela da cozinha (que também é sala) dava para a janela da sala de um apartamento onde morava uma família que fazia parte dos meus dias. Pedrinho e seus pais dividiam um apartamento que, na melhor das hipóteses, tinha uns 35m2. Logo depois que eu me mudei e a senhorita minha gata adquiriu amores pela janela, mãe e filho brincavam no chão, ali embaixo e, me vendo na janela em busca da bichana, perguntaram coisas sobre ela e sobre mim. Descoberto o nome da gatinha, Pedrinho chamava por ela quase todas as manhãs que ia bater bola com a mãe: "Nina! Nina! Nina!". Nessas horas eu queria que ela fosse menos gato e mais cachorro, para dar atenção ao menino.

Outra vizinha que sempre chama pela Nina quando a vê na janela é uma senhora muito duvidosa do terceiro andar aqui do prédio. Gordinha, com cara de que não gostou mas com uma vozinha altamente doce - o que me confunde muito -, ela sempre leva para passear a Suzi e o Luki (vamos supôr que se escrevam assim os nomes). Suzi é uma cachorra muito parecida com a dona, apesar de ser extremamente mais simpática. Pretinha, parecida com um cocker e geralmente de lacinho, ela costuma vir me cheirar quando nos encontramos no corredor. O Luki eu suponho que seja o salsichinha, mas sei da sua existência porque todo santo dia ele é chamado umas dez vezes. Sabe-se lá o que o pobre cachorro foi fazer, só sei que sobram gritos de "Luuuukiiiii, luuuukiiiii" de manhã e final da tarde também.


Essa mesma senhora é casada com um senhor muitíssimo simpático. Ele é bem balofinho e tem um bigode protuberante, desses bem proeminentes, que escondem a própria boca. Com uma cara de quem está sorrindo por trás do bigode (e que a gente não tem muito bem como ter ou não certeza), ele me cumprimentou poucas vezes, porque nos encontramos pouco nos corredores ou portas. A única vez que ele se dirigiu a mim foi para perguntar se minha gatinha (ela mesma) estava bem e em casa. Na noite anterior ela se jogou, se defenestrou, quis tentar a liberdade ou simplesmente seguiu seus instintos atrás de um bolinho de penas voador e foi achada miando no portão, pedindo para entrar no prédio. Como a bicha é exibida e todos os vizinhos sabem que ela mora aqui, o senhor do bigode veio conferir se eu era "a menina da gata que fica na janela" e se tava tudo certo. Respondi meio rindo que sim, que a peste estava bem, que nem eu sabia como ela tinha parado lá.

Aliás, o moço que veio me avisar que a Nina estava querendo desesperadoramente voltar para o aconchego do nosso mini lar é um ser muito curioso. Ele é bem novo, deve ter uns 26 anos e, se não terminou a faculdade, está num mestrado. Ele tem cara de estar no meio acadêmico. De vez em sempre vejo ele de chapéu, o que acho curioso e bonito e também me faz concluir que ele ouve samba. Inclusive, já vi ele em uma festa que comprova isso. Ele tem duas cachorras vira-latas, dessas profissionais em serem vira-latas, bem amarelinhas. Ouço eles saindo e entrando do prédio direto, e elas sempre saem sem coleira. Não sei como a Nina não foi caçada no dia que caiu da janela!

Falando em janela, eu moro no primeiro andar e é bem baixo, não vai acontecer nada com a Nina se ela resolver desbravar o mundo novamente. Mas ela tá o tempo todo na janela. Sempre. Vez ou outra eu vou verificar se ela ainda está lá ou onde a pestinha se meteu, assim, por precaução. Numa dessas ela estava paradinha sentada na janela fazia muito tempo e fui ver o que tanto ela observava: era a Laura, filhinha dos vizinhos aqui do lado. Agarradinha nas grades da janela, a pequena, que só se via testa, franjinha e olhos arregalados, observava o ser branco e peludo. Quando eu apareci e falei com ela, rolou alguma comunicação tipo "gatinho" "aham" "você gosta de gatinhos?" ":)". A pequena, com uns 2 anos, não deu muita bola para mim. A mãe dela é uma querida, que faz geografia e leva a filha de bicicleta todosantodia para o trabalho, creche, faculdade. Eu não sei como é que dá certo, mas ela e o marido saem todos os dias de bike. Acho lindo. Eles acorrentam as bikes juntas, inclusive. Muito amô.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

6 coisas aleatórias que a gente se acostuma muito rápido



1. Trabalhar de pantufas.

2. Acordar acompanhado.

3. Ter tempo para tomar café-da-manhã.

4. Não ter que dar satisfações a ninguém.

5. Usar um computador, celular ou o que seja mais potente que o normal.

6. Não ter que pegar trânsito para se locomover.

domingo, 24 de março de 2013

palavras dos outros: tílburi de praça, raul pompéia


"- Meu senhor, o coração dessa mulher é uma coisa complicada. Não se pode estudar e definir de uma só maneira, mas, no ponto da sua consulta, eu creio que não erra, com esta exposição da minha experiência. Há corações fechados que são como portas de que se perde a chave. Ninguém lhes entra, sem que um milagre da sorte ensine como. Então, é a imensa ventura. Há corações de uma só porta, como as casas seguras, onde a gente entra, sem custa, instala-se, faz família dentro, e aí chega a netos tranquilamente. Há corações de duas portas, que dão entrada a um afeto pela frente, diante da indiscreção da Candinha e seus filhos. O segrêdo dêstes amôres de acôrdo é possível, mas às vêzes, mesmo em segrêdo êles são felizes. Há corações hotéis, onde todo mundo entra, escandalosamente, quase simultâneamente, pagando à parte seu cômodo, sem grande intriga, nem ciúmes. Há corações bodegas, que é um horror... Mas há uma espécie curiosa de coração, um produto das sociedades desenvolvidas, para a qual lhe chamo a atenção – é o coração volante, o coração rodante, que aceita amor, mas que não fixa, daqui para ali, a tanto por hora, a tanto por mês, o coração tílburi de praça, que aceita o passageiro em qualquer canto, que dobra esquina, que corre, que pára, que vem, que desaparece, que passa pela gente, às vêzes, juntinho, sem que se possa ver quem vai dentro..."

do livro Maravilhas do Conto Brasileiro.

segunda-feira, 11 de março de 2013

sobre a normalidade


Passo o tempo todo conhecendo pessoas diferentes, escutando histórias, aprendendo detalhes da vida dos amigos. Parando para pensar, deve ser o meu único e maior passatempo. Eu gosto de pessoas, gosto de ver no fundo dos olhos suas vontades. Outro dia conheci um moço que só de estar do meu lado emanava tristeza. E nem era por estar do meu lado, eram várias outras coisas que, com certeza, ele não me contou. Eu não preciso saber o que para saber que houve.

Parei para pensar em todas as pessoas que eu conheço e não lembro de nenhuma ser normal. Não é porque eu me relaciono só com estranhos, é porque não existe tal coisa chamada de normalidade. Todas as pessoas que eu conheço sofreram e tiveram algum trauma na vida. Faltou um pai, uma mãe, foi a descoberta da homossexualidade, falta de amor, excesso de zelo, um coração partido ou sobrecarregamento de responsabilidades. Todo mundo que eu conheço tem dificuldade em fazer algumas coisas por um medo intrínseco, inconsciente e sem sentido. Todas as pessoas, inclusive eu.

A normalidade é outro conceito criado para nos fazer viver o tempo todo em busca de ideais utópicos. É o combustível para uma vidinha conformada e medíocre, sem verdadeiros prazeres, experimentos ou buscas. É com ela que dizem que conseguimos a paz, o amor e a felicidade. Para mim, a normalidade é a estagnação, é a falta de movimento. A paz e a felicidade vem quando a gente encontra o equilíbrio, mas não é preciso parar para isso.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

6 versões aleatórias para o "não sei se caso ou compro uma bicicleta"

1. não sei se corto ou deixo o cabelo crescer.

2. não sei se faço coisas demais ou sou incompetente.

3. não sei se durmo ou vejo um filme.

4. não sei se pego arroz e feijão ou macarrão.

5. não sei se largo o curso ou me formo.

6. não sei se vou ou se fico.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

6 sinais aleatórios de que já somos adultos


1. preferir acordar cedo.

2. colocar contas em débito automático.

3. "férias" se resumir a uma semaninha nos dias entre natal e ano-novo.

4. tomar café sem açúcar.

5. o extrato bancário ter mais de uma página.

6. carteira com espaço pra mais de 4 cartões.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

pão dôce

A moça da padaria chamou o número onze. Entreguei a ficha com o mesmo número impresso e, na hora que abri a boca para falar o que queria, um moço encostou no meu braço e disse: "deixa só eu perguntar pra ela antes, senão vou embora - e olhando pra moça da padaria - tem pão doce?" Enquanto a moça ia conferir, ele olhou pra mim meio pedindo desculpas e eu dei um sorrisinho, sem conseguir dizer nada porque, em verdade, não tinha problema e foi uma surpresa e tanto. Tinha pão doce. O moço encostou a cesta de compras no balcão da padaria e eu pedi 4 pães de trigo dos mais clarinhos, por favor. Olhei dentro da cesta dele e tinha chocolate, melancia e um bolo. O moço nem era bonito, eu nem reparei nisso, reparei na cestinha dele - mania de criar histórias e perfis pras pessoas a partir do que elas estão comprando no mercado - mas quase virei pra ele pra pedir o telefone dele e dizer que eu gosto muito de pão doce também, moço. Mas a moça me entregou meus cuatro pães de trigo mais clarinhos e eu fui para a fila do pastel.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

receitas: carne com quiabo

Quiabo e jiló são dois vegetais altamente injustiçados: são tidos como o uó do borogodó culinário pela maioria das pessoas, causando um imenso preconceito só de se ouvir os ditos nomes. A bem da verdade é que a maioria das pessoas sequer sabe o que e como eles são, que dirá o gosto! A primeira vez que comi quiabo foi quase um experimento gastronômico, mas eu gostei muito. Ele baba um pouco, tem uma textura e gosto específicos e as sementes dão um charme à parte. Desde que moro sozinha e por adorar cozinhar, tenho uma lista de receitas que preciso ou quero aprender a fazer. Carne com quiabo era uma delas. Graças à amiga mineira Camila, deu tudo certo. Então, voilá:



Ingredientes:
- 125g de quiabo
- 150g de carne vermelha em cubos
- 1/2 cebola roxa
- 1 dente de alho
- 1 tomate médio maduro
- orégano, páprica picante e noz moscada para temperar
- sal e pimenta

Como fazer:
Corte as pontas dos quiabos, jogue fora e fatie o restante em rodelas de cerca de 1,5 cm. Frite em cerca de 0,5 cm de óleo até dourar. Atenção: não mexa, senão o quiabo vai babar. Enquanto isso, frite a carne temperada em outra panela. Quando o quiabo estiver pronto, misture com a carne e tampe a panela (em fogo médio, para não queimar ou secar). Aproveite o óleo do quiabo para dourar o alho, a cebola e refogar o tomate. Cozinhe durante uns 5 minutos, até que o tomate comece a desmanchar. Junte isso à carne com quiabo. Misture pouco ainda para o quiabo não babar, prove o sal e deixe ferver por mais uns 5 a 10 min, até o quiabo estar macio e o tomate bem cozido. Pronto! Sirva com arroz branquinho.

sábado, 19 de janeiro de 2013

dos ônibus: bonitinha pero ordinária

eu, sonolenta e levemente doente, um pouco febril talvez, sentadinha no banco mais alto do ônibus. uma mocinha loira de olhos claros senta do meu lado, se mexe um tanto demais (o suficiente para que eu notasse), mas eu perco a atenção porque estou com sono. fecho os olhos e cochilo. acordo com a mesma mocinha falando ao telefone "oi, amiga, tudo... aham... você tá em cas...? ah, não, eu...". como eu tava sem fone, fui obrigada a ouvir que a mocinha estava decepcionada com seu namorado. ele é muito individualista, ela repetia para a amiga Amanda. acho que a mocinha sequer sabe o que individualista significa. ela estava completamente irritada e havia discutido com o menino porque ele ia para uma festa com seus amigos sem ela, porque ele ficou irritado que ela não quis ver ele no único dia que ela mesma havia dito que poderia vê-lo antes de viajar e porque, de acordo com ela, em nenhum relacionamento você pode e tem a liberdade de fazer e sair com quem quiser. claro que ela ter saído com as amigas e mentido sobre onde ia dormir pra não ver o menino não conta, aliás, ela se divertiu contando que ele ficou puto com isso. minha vontade foi cutucar a mocinha loira e dizer "gata, seu namorado não é individualista. você que é uma selfish bitch que não gosta mais dele e tá tentando culpar só ele pelo fim do relacionamento de vocês". porque ela também não cansou de repetir que não queria uma pessoa assim do lado dela, que ninguém queria, e que se ele não mudasse, ela ia terminar com ele.

e é assim, minha gente, que as mocinhas loiras de olhos claros quebram o coração dos mocinhos por pura incoerência. e depois reclamam que não tem homem bom no mundo.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

6 metas não-tão-aleatórias-assim para cumprir em 2013

 
1. menos vida virtual, mais vida real. (leia-se tentar dar mais atenção aos amigos)

2. ler mais que em 2012.

3. andar mais de bicicleta (ir pro trabalho, inclusive).

4. tomar água (e não é nem tomar mais água porque eu não tomava).

5. três viagens: porto alegre, montevidéu e rio.

6. voltar a ser organizada.

sábado, 5 de janeiro de 2013

livros de 2012

Lá em janeiro passado eu pensei "esse ano não vou fazer metas, vou ter uma lista de livros pra ler". E fiz a lista, que ficou imensa. De 23 livros, li 4 e meio: meio porque tô na metade só agora de Mi pais inventado, da Isabel Allende. A maioria dos livros da lista eu não li porque não tive tempo, a outra eram livros que eu achava que ia precisar ou me ajudar no projeto de graduação e no meu artigo, mas necastibiribas, mudou tudo (como sempre muda). Mas eu li uns livrinhos (inteiros, porque pela metade são mais uns 8) esse ano, então vamos lá:

1. One Day, David Nicholls ★★

2. Praticamente Inofensiva, Douglas Adams  ★

3. Orgulho e Preconceito, Jane Austen ★★★

4. A Linguagem das coisas, Deyan Sudjic ★★★★

5. Preciosas coisas vãs fundamentais, Sérgio Camargo ★★★★★

6. A felicidade paradoxal, Gilles Lipovetsky ★★★★★

7. A nova arte de fazer livros, Ulises Carrion ★★★★

8. Dom Casmurro, Machado de Assis ★★★★

9.  A visita cruel do tempo, Jennifer Egan ★★★

10. Como funciona a ficção, James Wood ★★★★★

11. Venha ver o pôr-do-sol e outros contos, Lygia Fagundes Telles ★★★★