sexta-feira, 22 de novembro de 2013

das coisas que a gente têm


A diferença absurda entre o tipo de trabalho que eu mais gosto (em suporte, cores, tipografias e finalidade) com o que eu realmente tenho feito tem me deixado inquieta. Não é (só) uma questão de estilo, é de crise de identidade mesmo. Porque de vez em quando a gente se perde e precisa se redescobrir, se remontar, se achar. E nesses processos eu fiquei na dúvida do quanto eu poderia ir pra frente e acabei ficando pra trás. Difícil é perceber que a culpa mesmo, foi minha. E depois de um ano de ré e um ano pra re-engatar o fluxo, acho que os traumas e processos estão se refazendo.

Outro dia eu abri meu guarda-roupas e vi lá 6 ou 7 calças jeans. Na mesmíssima hora eu lembrei que quando eu tinha uns 10 anos, uma das coisas que eu queria era ter 6 ou 7 calças jeans. A distância entre o que eu queria há 10 anos para tudo o que eu tenho hoje não existe mais: eu tenho tudo o que eu queria ter. Tenho uma gata, moro sozinha, trabalho, tô terminando a faculdade, as pessoas elogiam meu trabalho, tenho os amigos dos sorrisos mais lindos, o namorado mais lindo do mundo, conheço pessoas que gostam das mesmas esquisitices que eu, uso óculos, trabalho num lugar que gosto e ponto.

Qual o meu problema? Justamente: não ter problema nenhum. Preciso listar os próximos objetivos pros próximos 10 anos da minha vida, senão enlouqueço. Já coloquei morar no Centro, comprar um apartamento, perder o medo de andar de bicicleta, mas mais do que isso parece tão longe. A vida é assim, um eterno querer do que não se tem, uma eterna saudades do daqui a pouco e do que acabou de passar.