quinta-feira, 13 de setembro de 2012

estereótipos: o normal conservador


Existe um tipo muito comum e corriqueiro que está sempre metido entre algum grupo. Você já viu, já notou, com toda certeza. Se não, quem sabe seja você! Ele é facilmente reconhecido, mas não tão facilmente lembrado. Isso acontece pela falta de características próprias e incomuns: ele está sempre dentro dos padrões estabelecidos por ele e outros que se dizem normais. Padrões esses que não são nem muito alto, nem muito baixo; nem magro, nem gordo; nem feio, nem bonito; nem loiro, nem castanho. Eles são o meio-termo, o lugar-comum, se diferenciam apenas pelo nome e sobrenome, se descritos possuem quase as mesmas características: cabelo castanho-claro ou loiro-escuro, nem tão castanho assim, mas não é loiro, calça e camiseta, tênis, mochila, nem alto nem baixo, é amigo de uns e outros. Na prática, se não existisse ou deixasse de existir, nem notaríamos.

Esse tipo, entretanto, é um desses senhores da verdade. Ele costuma separar o joio do trigo de forma que, no mundo dele, só há espaço para o preto e o branco; o bom e o mau; o certo e o errado. Dessa forma, faltam os tons de cinza, os entretons, as dualidades, as falhas, as incertezas. E, para julgar o que conhece - e por vezes até o que desconhece - ele classifica as coisas de acordo e unicamente com sua opinião, sua visão de mundo. Se para ele é branco, o preto estará errado. Assim, discorda de tudo que não esteja classificado em seu padrão de normalidade e, claro, condena quem escolhe o outro lado.

Assim, o inferno são sempre os outros. Ele, no pedestal da normalidade, do correto, da astúcia e dos parâmetros do homem-bom, não se deixa atingir pelas diferenças, pela pluralidade e pelas escolhas outras que existem pro resto das pessoas. Julgar é necessário, achar ridículo é obrigatoriedade, afinal, como ele pode concordar com algo que não é o que ele conhece? Mesmo assim, ele adora entrar nas discussões - claro, para reafirmar a sua posição intransigente e ditadora. No fundo, deve ser receio de experimentar e mudar e se transformar num desses "estranhos" que ele tanto critica bom a boca cheia.

2 comentários:

Bruno Batiston disse...

"faltam os tons de cinza, os entretons, as dualidades, as falhas, as incertezas"

A vida sem isso me é inconcebível, ainda que pareça um tanto atrativa aos olhos de quem tenta (e se cansa de) relativizar tudo... Mas não se pode confundir o simples, que até deve ser almejado, com o simplório, que apenas mascara, reduz indevidamente, cria verdades absolutas para sustentar seus muros de areia fofa.

Tudo isto me lembra uma frase da Martha Medeiros de que eu gosto bastante: "Os desacertos nos movimentam, nos humanizam, nos aproximam dos outros, enquanto que o sujeito nota 10 nem consegue olhar para o lado, não pode se desconcentrar um minuto sob pena de ver seu mundo cair. O mundo já caiu, baby. Só nos resta dançar sobre os destroços."

Anônimo disse...

Acho a coisa mais estranha do mundo uma pessoa que não respeitas as diferenças e deseja que todos sejam exatamente o que ele espera. O bom de estarmos nesse planeta é justamente o fato de que conhecemos pessoas diversas e culturas tantas, que tudo isso nops serve de bagagem. Me distancio desse tipo de gente que aponta o dedo e não se olha no espelho. Ninguém é perfeito. Ainda bem.
Abraços.