Esses dias soube que minha meia chegou. Ou melhor, devolveram a minha meia. Ela não é nem a mais bonita nem a mais perfeita, mas é minha. É meu número, da cor que gosto e quero ela desde que vi na vitrine. De tempos pra cá já havia desistido de ter pé com meia, desisti do inverno ser quentinho. Agora já não, apesar de que aparentemente quiseram levar minha meia da loja, a força, claro. O que acontece agora, e já era de se esperar, é que não há dia que passe lá que encontre a loja aberta, ou alguém que entenda o que eu digo. As pessoas me mandam pro andar superior, depois pro sótão e trancam a porta sem nem ligar. Tô aqui encurralada, só querendo levar a meia pra casa, que ela é minha, tem que ser. Eu espero, porque nada disso estaria acontecendo se eu não a quisesse tanto. Sentei no canto da sala, comecei a pensar, o ar quente e abafado excluindo a clareza de pensamento. Eu espero, porque sei que é essa meia que eu quero. E se ela não for o que imagino, vou comprar outra.
Tem dias que a gente toma café demais.
Um comentário:
Como não se apaixonar pelo que você escreve?
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