segunda-feira, 27 de agosto de 2012

sobre a efemeridade das coisas


Desde que eu me mudei pra Floripa pra fazer faculdade, passo pela mesma avenida pra chegar na minha faculdade. Desde que passo por ela, ela muda. Esses dias passei uma semana viajando e, quando voltei, tinham demolido uma casa (ou um prédio). Tinha um buraco, logo perto de uma outra construção. O que me chamou a atenção dessa vez não foi ter mais um prédio novo sendo construído, mas eu não lembrar o que foi destruído. E eu acho que eu lembro agora, depois de muito pensar cá com meus botões.

Parei pra pensar no resto da rua. Tinha um grafite lindo numa parede dentro de um terreno baldio. Quando eu resolvi fotografar o grafite, quebraram a parede, fecharam o terreno e começaram uma obra. A loja linda de cama-mesa-banho fechou, virou uma loja de uma marca bizarra de motos verdes, foi tudo demolido e construíram um novo bar do tipo "sou fino". Umas lojas que eu nem lembro mais o que eram fecharam ou se mudaram, porque as lojas comerciais tão cheias de placas de aluga-se. A clínica veterinária mudou de lugar (não lembro onde era e o que virou o lugar antigo) mas usou a mesma placa desbotada pra fachada.

Sempre foi assim, se a gente parar pra pensar. As coisas nunca foram pra sempre, a gente nunca vai ter a certeza de nada, vai tudo mudar quando a gente menos esperar ou permanecer do jeito quando a gente mais quiser que mude. Casais de anos se separam. Casais de meses se casam. Pessoas morrem, animais morrem. Papéis pegam fogo, comida estraga. Poeira acumula e cabelos crescem.

"Congela o tempo preu ficar devagarinho
Com as coisas que eu gosto
E que eu sei que são efêmeras
E que passam perecíveis
Que acabam, se despedem,
Mas eu nunca me esqueço."


Um comentário:

Rafaella Coury disse...

Genial. Amei o último parágrafo! Muito real!