O problema dela é que ela gostava demais. Ela gosta demais dele, dela, deles, das pessoas, dos que tratavam bem, dos que tratavam mal, dos que ignoravam, dos que eram importante, dos que nem mereciam tanto assim, dos pseudo-conhecidos, dos pequenos, dos grandes, dos incertos, dos motivos de conforto, das tormentas, da taquicardia e do desespero. Ela gostava demais e, pra não transbordar, usava em altas doses seu amor nos outros. Na verdade, ela drenava o sentimento porque não sabia muito bem como lidar com ele. Ela não sabia se ela gostava mesmo, se ela insistia na possibilidade de dar errado pra fugir da que poderia dar certo ou se não era nada disso. E por gostar demais, ela assustava. Não dava pra acreditar, era de se desconfiar como que alguém gosta tanto assim, tão fácil assim? Onde estão os bloqueios e as amarras? As hesitações e as incertezas? As dúvidas e as lamúrias? O problema dela é que ela gostava demais e, por gostar demais, ela se envolvia demais. Ela precisava de freios pra parar os próprios gostares. Ela precisava respirar fundo pra não se tornar uma tormenta, um desassossego, uma imposição. O problema dela era que ela gostava demais e, por gostar demais, ela não sabia o que fazer quando gostavam dela. Ela só sabia se meter em relações unilaterais, onde todo o gostar viesse só dela, porque ela o tinha de sobra. Toda vez que alguém enchia ela de gostar, ela sufocava, engasgava, transbordava.
O problema dela é que ela gosta demais.
2 comentários:
eis o pior erro de todos! gostar de mais. não se pode, nunca, deixar perceber seu amor antes que o outro desconfie que pode perdê-lo. ora, detestáveis nós que gostamos demais. há alguém que gosta de alguém que goste demais de alguém?
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